SANAA - O Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, da sigla em inglês) lançou um plano que deve colocar fim a meses de revoltas mortíferas no Iêmen, prevendo a renúncia do presidente 30 dias após a formação de um novo governo, informou uma fonte nesta quinta-feira (21/4).
A proposta do conselho pede "a formação de um governo de unidade nacional controlado 50% pelo partido governante, 40% pela oposição e 10% por outros partidos", afirmou a mesma fonte.
"O presidente transferiria seus poderes a seu vice, e posteriormente os protestos terminariam", com a deserção de líderes militares e soldados, de acordo com a fonte, que não quis se identificar.
E "o presidente submeteria sua renúncia ao parlamento em 30 dias", com uma eleição presidencial sendo realizada em dois meses.
Saleh vem enfrentando, desde janeiro, amplos protestos exigindo sua saída, nos quais mais de 130 pessoas foram mortas em confrontos com forças de segurança e manifestantes rivais.
Chanceleres dos países vizinhos ao Iêmen, nações ricas em petróleo, mantiveram conversas na terça-feira com enviados do regime de Saleh, como parte de esforços para se chegar a um acordo no qual o veterano presidente, no poder desde 1978, renunciaria.
O encontro ocorreu dois dias depois de conversas em Riyadh entre chanceleres e representantes da oposição parlamentar iemenita, que defendem que Saleh deve deixar o cargo o mais rápido possível.
Hassan Zayd, secretário-geral do grupo de oposição islâmica xiita Haq, defendeu mais cedo um plano semelhante, mas não citou a formação de um governo de unidade nacional ou o plano desenhado pelos mediadores do Golfo.
Zayd, citando negociações para solucionar a crise, disse que o plano pede a "renúncia do presidente Saleh e a promulgação de uma lei de anistia" que lidará com os processos judiciais depois de ele deixar o poder.
"Essa proposta aguarda a aprovação do presidente", disse Zayd, membro da delegação opositora que viajou a Riyadh no domingo, afirmando que os Estados Unidos, um aliado próximo de Saleh, contribuíram com o plano.
Caso aceite, Saleh terá de abrir mão do poder para seu vice em 30 dias e se aposentar, com uma eleição presidencial sendo realizada em dois meses, disse Zayd.
Mas o resistente Saleh, que está no poder há 32 anos, disse na quarta-feira que "resistiria" aos pedidos de renúncia e agarrou-se à constituição contra qualquer transferência de poder, afirmou uma fonte à agência de notícias Saba.
"Nós continuaremos a resistir, comprometidos com a legitimidade constitucional, enquanto rejeitamos as conspitações para um golpe", teria dito, segundo a mesma agência.