CAIRO - O Egito decidiu nesta quarta-feira (13/4) rever todos os seus acordos de fornecimento de gás, incluindo os que possui com Israel, muito criticados pela oposição durante a presidência de Hosni Mubarak. O primeiro-ministro egípcio, Esam Sharaf, "ordenou rever e reexaminar os contratos assinados pelo Egito com todos os países, incluindo Jordânia e Israel, para vender a commodity a preços justos, que propiciem lucros mais elevados", informou a agência oficial Mena.
Segundo Sharaf, a revisão dos acordos pode se traduzir em uma "alta dos lucros estimada entre 3 e 4 bilhões de dólares", um montante significativo no Egito, que continua sofrendo os efeitos econômicos da revolta popular que derrubou Mubarak em fereveiro.
O primeiro-ministro receberá nesta quinta-feira o ministro jordaniano da Energia para examinar a questão, segundo um porta-voz de Sharaf citado pela agência Mena.
Quanto a Israel, o Egito fornece 43% do gás natural utilizado neste país.
Em dezembro, quatro empresas israelenses assinaram acordos de compra de gás egípcio durante um período de 20 anos por um montante avaliado entre 5 e 10 bilhões de dólares.
Com estes novos contratos, o grupo egípcio-israelense East Mediterranean Gas (EMG), que assina contratos com empresas israelenses desde 2005, prevê fornecer ao Estado hebraico um total de 6 bilhões de metros cúbicos de gás por um valor de 19 bilhões de dólares.
A oposição egípcia, e em particular islamista, criticou muito estes contratos, ao considerar que foram assinados por um preço muito baixo e que equivalem a uma normalização das relações com Israel. Também considera ilegal o fornecimento para Israel, já que não foi provado pelo Parlamento.
O Egito foi o primeiro país árabe a fechar um acordo de paz com o Estado hebraico em 1979. A decisão foi saudada pela comunidade internacional, mas é muito impopular entre a população egípcia, que critica a política israelense em relação aos palestinos.