Brasília ; A menos de dez dias do anúncio oficial sobre os resultados das eleições presidenciais no Haiti, o subsecretário da América do Sul, América Central e Caribe do Itamaraty, Antonio José Ferreira Simões, reiterou que o Brasil manterá o apoio para a reconstrução do país. Simões destacou que o governo brasileiro confia no processo democrático instaurado no país caribenho que ;pavimentará; a região para a paz e a estabilidade política.
Simões fez as afirmações na quarta-feira (6/4) no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York. Segundo ele, o atual presidente haitiano, René Préval, contribuiu para o ;equilíbrio político; da região.
No próximo dia 16, o Conselho Provisório Eleitoral do Haiti deve divulgar o resultado final das eleições presidenciais. Preliminarmente, os dados indicam que o cantor popular Michel Martelly, 49 anos, venceu com 67,57% dos votos a ex-senadora e ex-primeira-dama Mirlande Manigat, de 70 anos, que obteve 31,74%.
;Com um novo governo no Haiti, o cenário está pronto para permitir os esforços de reconstrução do país e dos avanços, de acordo com as necessidades urgentes dos haitianos;, disse Simões.
;Nós confiamos no resultado final do processo eleitoral e na transferência de poder ao novo governo. Assim, seremos capazes de concentrar nossos esforços em tarefas de reconstrução, que irão pavimentar o caminho para o desenvolvimento do Haiti em um ambiente de paz sustentável e estabilidade política;, acrescentou.
Simões elogiou os esforços de Préval no combate à violência no Haiti e na luta contra os grupos organizados. "O presidente Préval desativou os mecanismos de violência na política, dando liberdade ao Haiti e segurança para a liberdade de expressão;, disse o embaixador do Brasil.
O subsecretário destacou ainda que o Brasil está ;firmemente comprometido; com o Haiti nos níveis multilaterais, bilaterais e regionais. Ele lembrou que as tropas brasileiras integram a missão de paz no Haiti, onde são chamadas no idioma local, o créole, de "boas pessoas".
No plano bilateral, Simões informou que o Brasil oferece apoio em projetos de cooperação nas áreas de agricultura, saúde, energia, geração de emprego e desenvolvimento institucional. Ele lembrou ainda que no começo do ano o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, foi ao Haiti.
Segundo Simões, em termos regionais, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) executa um programa de cooperação e recuperação do Haiti. ;É uma certeza no Brasil que a participação ativa da América Latina e do Caribe no Haiti não é apenas uma demonstração de solidariedade para uma nação irmã, mas também uma mensagem sobre a vontade e a capacidade de nossas sociedades de viver de acordo com suas obrigações internacionais e responsabilidades;, disse ele.
O Haiti ainda vive um momento político, econômico e social delicado em decorrência dos esforços para a reconstrução do país, devastado pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010. A situação se agravou ainda mais com a epidemia de cólera, que matou cerca de 4 mil pessoas, e o retorno de dois ex-presidentes que ameaçam retornar ao cenário político ; Jean-Bertrand Aristide e Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc.