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Morte de 150 refugiados em naufrágio revela drama em Lampedusa

ROMA - Pelo menos 150 refugiados, a maioria eritreus e somalis, morreram na madrugada desta quarta-feira (6/4) em um naufrágio em frente à ilha italiana de Lampedusa, enquanto outros 50 foram salvos pela guarda costeira italiana.

A embarcação, com cerca de 200 imigrantes a bordo, vinha da Líbia e afundou em águas maltesas, em meio a um mar revolto. Aparentemente, uma falha humana também foi responsável pelo naufrágio.

"Resgatamos do mar 48 pessoas vivas, enquanto localizamos 15 corpos com os helicópteros", declarou o capitão italiano Vittorio Alessandro, porta-voz da guarda costeira da Itália, que conduz as operações de resgate.

O grupo de imigrantes africanos, que fogem da guerra civil na Líbia, navegava em direção à pequena ilha de Lampedusa, no sul da Itália, que nos últimos dois meses já recebeu 20.000 tunisianos que escaparam da revolta em seu próprio país.

"Esta tragédia podia ter sido evitada", lamentou o sacerdote eritreu Mussie Zerai, conhecido como Don Mosé, fundador em Roma da organização humanitária Habeshia, dedicada aos refugiados africanos.

O religioso criticou duramente a atitude da Europa, "surda", afirmou, diante do pedido de não bombardear a Líbia até que os milhares de eritreus, somalis e etíopes que lá vivem há anos em campos de refugiados das Nações Unidas sejam evacuados.

Entre as pessoas que foram resgatadas vivas, há uma mulher grávida, que está sendo atendida no centro médico de Lampedusa.

A balsa, de 13 metros de comprimento, partiu há dois dias da cidade líbia de Zuwarah. Quando estava a 70 quilômetros de Lampedusa, virou por causa das altas ondas provocadas por uma tempestade.

As operações de socorro foram dificultadas pelas condições do mar, segundo o oficial, destacando que dois barcos e um helicóptero foram mobilizados, além de um barco de pesca que estava na área do acidente.

A balsa lançou um pedido de socorro durante a noite, através de um telefone via satélite. A capitania dos portos de Lampedusa informou em um comunicado ter enviado ajuda imediatamente.

Para a Organização Internacional para as Migrações (OIM), que conta com um representante em Lampedusa, cerca de 300 pessoas viajavam a bordo da embarcação.

As autoridades locais afirmam que pelo menos 130 pessoas estão desaparecidas, e não perdem a esperança de resgatar mais náufragos vivos.

O drama dos refugiados somalis, eritreus e etíopes tem sido denunciado frequentemente por Don Mosé, que tenta há vários meses salvar seus compatriotas mobilizando as autoridades italianas e organizações internacionais.

"Hoje choramos por mais de 400 pessoas (...), entre elas mulheres grávidas", lamentou o religioso, que consegue manter contato com eles graças a um telefone celular.

Segundo um porta-voz dos jesuítas em Malta, cerca de 70 corpos foram recuperados na semana passada em frente ao litoral líbio. Todos foram enterrados sem identificação.

Há três semanas, um barco com 35 imigrantes vindos da Tunísia naufragou a caminho do continente europeu, e ainda não se sabe o que aconteceu com seus passageiros.

Não existem números oficiais das vítimas que perderam a vida durante a travessia.

Segundo a associação humanitária Fortress, 3.616 pessoas morreram no mar Mediterrâneo entre 2006 e 2008 tentando chegar à costa europeia.

Desde a queda do presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro, teve início um verdadeiro êxodo de imigrantes da Tunísia para Lampedusa, contra os 4.000 que desembarcaram ao longo de todo 2010.

Pelo menos 2.000 refugiados dos conflitos na Somália e Eritreia chegaram em precárias embarcações à Itália, entre elas uma mulher que deu à luz em uma balsa, enquanto outra perdeu seu bebê.