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Primeiro-ministro israelense quer anular relatório Goldstone

Jerusalém - O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pediu neste sábado (2/4) que a ONU "anule imediatamente" o relatório Goldstone sobre a ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, no final de 2008, depois que seu autor, o juiz sul-africano Richard Goldstone, "lamentou" que sua comissão não tenha tido acesso a algumas provas.

"Peço à ONU que anule imediatamente o relatório Goldstone. É preciso jogar esse relatório na lixeira da História", disse Netanyahu em um breve discurso na televisão. "Goldstone confirma o que nós sempre soubemos: Israel disse a verdade. Nós nunca atacamos civis de forma deliberada e nossas instâncias de controle estão no nível dos critérios internacionais mais altos, enquanto que o Hamas (no poder em Gaza) não verificou nada enquanto disparava (foguetes) para matar civis", afirmou Netanyahu.

Em um artigo publicado neste sábado no Washington Post, Goldstone, autor de um relatório da ONU sobre as alegações de crimes de guerra durante a operação israelense na Faixa de Gaza no final de 2008, considerou que seu relatório teria sido "um documento diferente" hoje.

"Sabemos melhor hoje o que aconteceu durante a guerra de Gaza do que quando eu presidia a comissão de investigação", escreveu o magistrado no jornal. "Embora Israel não negue, desde a publicação de nosso relatório, lamento que nossa comissão de investigação não tenha tido acesso às provas sobre as circunstâncias nas quais consideramos que civis foram atacados em Gaza", considerou o magistrado. "Isso teria, provavelmente, modificado nossas conclusões sobre a intencionalidade dos crimes e sobre a existência de crimes de guerra", concluiu.

O relatório Goldstone havia indicado na época que havia a possibilidade de crimes de guerra cometidos ao mesmo tempo por Israel e pelo Hamas.