Cidade do Vaticano - O jornal oficial do Vaticano, L;Osservatore Romano, lamentou nesta terça-feira (22/3)"a pressa" da França para lançar a operação militar contra o regime líbio do coronel Muamar Kadafi e acusou esse país de agir "sem coordenação" com os aliados.
Em um editorial intitulado "Treme a coalizão de voluntários", o diário critica o "choque diplomático" entre França e Itália pela Líbia, que classificou de "grande confusão".
Uma verdadeira polêmica foi desencadeada na Europa pelas críticas da Itália à França, país acusado de tomar o comando da operação militar.
"Isso mostra os problemas políticos da operação militar, que a França iniciou com pressa e sem coordenação alguma", considera o artigo.
"O ataque à Líbia deve levar em consideração a mudança de opinião da Liga Árabe", indica o jornal da Santa Sé, que menciona também os pedidos de Estados Unidos, Grã-Bretanha e Bélgica feitos à Itália para que o comando passe para a Otan.
Atualmente, as operações bélicas aéreas da coalizão são nacionais e têm a participação de França, Grã-Bretanha, Estados Unidos, além de Bélgica, Dinamarca, Espanha, Grécia e Itália. As ações são coordenadas pelos quartéis-generais americanos de Ramstein (oeste da Alemanha) e Nápoles (sul da Itália).
"A Otan terá um papel" na nova fase militar na Líbia, anunciou nesta terça-feira o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Além do chefe de governo italiano Silvio Berlusconi, o primeiro-ministro britânico David Cameron exigiu que "o comando das operações passe para a Otan".
O Conselho de Segurança da ONU aprovou na quinta-feira passada o uso da força para deter o avanço das forças do coronel Kadafi contra os rebeldes líbios.
A coalizão internacional começou a bombardear no sábado por ar e por mar alvos militares líbios para tentar impedir a repressão à revolta, que eclodiu no dia 15 de fevereiro.
O objetivo pouco claro da operação militar, realizada em grande parte por países ocidentais, gerou polêmicas e suspeitas na Europa e, em particular, na Itália, ex-potência colonial na Líbia de 1911 a 1942, com grandes interesses econômicos nesse país.