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Controle do embargo de armas, primeira missão da Otan contra Kadafi

Bruxelas - A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) assumirá o controle do embargo de armas ao regime líbio e está preparada para participar do estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, anunciaram nesta terça-feira (22/3) seus países membros. Até agora muito divididos sobre o papel da Aliança na ofensiva contra Kadafi.

A Otan "decidiu que ficará encarregada de fazer com que seja efetivado o embargo de armas a partir do mar", indicaram à AFP fontes diplomáticas, durante o sétimo dia consecutivo de reuniões dedicadas à Líbia no quartel-general de Bruxelas.

O almirante Stavridis, comandante de operações, "mobiliza barcos e aviões no Mediterrâneo Central" para inspecionar e, "se necessário, interceptar" navios suspeitos de transportar armas ilegais ou mercenários, indicou depois o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen.

A Otan contribuirá com meios aeronavais para monitorar o cumprimento desta medida decidida pelo Conselho de Segurança da ONU, nesta que será a sua primeira intervenção desde o início da ofensiva liderada por Estados Unidos, Grã-Bretanha e França contra o líder líbio Muamar Kadafi.

A organização mostrou-se disposta a ampliar a sua participação para conter as forças do regime que travam uma guerra contra os opositores, principalmente na implementação de uma zona de exclusão aérea.

Seus 28 países membros "concluíram os planos" para executar essa medida e "contribuir com os esforços internacionais, caso seja necessário, para proteger o povo líbio da violência do regime de Kadafi", ressaltou Rasmussen.

No momento, a coalizão ataca posições do regime líbio e tem como objetivo criar uma zona de exclusão aérea para impedir os voos dos aviões de Kadafi, em aplicação da resolução 1973 aprovada na quinta-feira pelo Conselho de Segurança.

Os países membros da Otan estão divididos sobre o nível de intervenção que esta deve assumir na ofensiva.

O presidente americano Barack Obama assegurou na segunda-feira que a Otan "desempenhará um papel" em um prazo de "vários dias, e não semanas".

A Aliança "assumirá uma função de coordenação por sua capacidade extraordinária", assegurou Obama, enquanto que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, defendeu porque esta fique no controle "em algum momento".

Algumas nações como Itália, Bélgica, Dinamarca, Noruega e Canadá, que também participam dos esforços da coalizão que ataca a Líbia, exigem a transferência rápida do comando das operações para a Otan.

Mas a França resiste a um papel maior, temendo provocar a rejeição do mundo árabe, hostil à Aliança Atlântica, principalmente, por sua guerra no Afeganistão.

A Turquia, apoiada por Alemanha, também se opõe a uma intervenção da organização para evitar qualquer risco de provocar vítimas civis. Ambos os países deixaram muito claro que não participarão das missões de combate na Líbia.

A divisão dentro da Otan se transformou em descontentamento em algumas capitais: a Itália ameaçou em impedir que a coalizão tenha acesso as suas bases para intervir na Líbia e a Noruega assegurou que não dará ordem às seus caças F-16 já estacionados na região para que entrem em ação até que seja determinado o papel da organização.