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Reconstrução de áreas afetadas pela catástrofe deve custar US$ 180 bi

O terremoto e o tsunami que devastaram o nordeste da Ilha de Honshu, na última sexta-feira, provavelmente entrarão para a história como as catástrofes mais caras da era moderna. De acordo com as estimativas iniciais, o Japão terá que aplicar 15 trilhões de ienes (cerca de US$ 180 bilhões) na reconstrução de sua infraestrutura. Os prejuízos superam em 50% os danos causados pelo tremor que destruiu a cidade de Kobe, em 17 de janeiro de 1995, e representam 3% do Produto Interno Bruto (PIB) japonês. Para a britânica Vanessa Rossi, especialista em economia internacional pelo think tank Chattam House (em Londres), os prejuízos somente com as propriedades privadas deverão atingir os US$ 300 bilhões. ;Eles incluem a construção e reparos em barreiras de contenção costeiras, portos, ferrovias, cidades, fábricas, estações elétricas e no aeroporto da cidade de Sendai;, afirma ao Correio, por e-mail. De acordo com ela, as obras levarão alguns anos para serem finalizadas.

Terceira maior economia do planeta, o Japão deve parte de sua riqueza ao nordeste da Ilha de Honshu, responsável por 8% do PIB nacional. Além de ter atingido uma região importante, o terremoto de magnitude 8,9 na escala Richter frustrou as expectativas de que a economia do país sofresse um impulso, após um péssimo rendimento do PIB no último trimestre de 2010. ;Um cenário de reaquecimento não é viável agora, e os próximos três meses também serão fracos, em parte por causa dos transtornos em suprimentos de energia;, comenta Vanessa. No entanto, ela admite que o enorme esforço dos japoneses em restabelecer os serviços básicos e em começar imediatamente o processo de reconstrução surtirá em efeitos positivos para o PIB. ;Felizmente, o Japão é um país rico e com forte patriotismo. Haverá um grande empenho para utilizar as reservas financeiras e para canalizar dinheiro do exterior;, prevê a especialista da Chattam House.

De acordo com o norte-americano Mark Skidmore, pós-doutor em economia e professor da Michigan State University, é impossível prever a real extensão dos prejuízos. Ele não acredita que a catástrofe da semana passada surtirá um duro golpe na capacidade produtiva da terra do Sol nascente. ;O Japão é um dos países mais bem preparados do mundo, possui alta exposição a desastres naturais e se destaca como uma das nações de alta renda;, observa, em entrevista também por e-mail. ;Além desses fatores, tem uma forte estrutura social e institucional, que servirá bem aos esforços de reconstrução;, acrescenta.

Dinheiro
Skidmore demonstra preocupação especial com os reatores nucleares. ;Eu espero que o problema na usina de Fukushima seja contido. Caso contrário, os desafios de reconstrução ganharão outra dimensão;, alerta. O professor de Michigan explica que, como muitas das propriedades privadas estavam seguradas, o dinheiro deve fluir com certa facilidade para a região. A questão é saber se as seguradoras manterão ou não a solvência. Em relação à dívida nacional, Skidmore aposta que Tóquio realocará os recursos para recuperar as áreas afetadas. ;A comunidade internacional deve ajudar com os serviços de emergência. Enfim, acho que o Japão será prudente, ao decidir sobre como reconstruir, e aprenderá com a catástrofe;, diz.

Vice-presidente da Moody;s, uma das três agências de classificação de risco mais importantes do mundo, Tom Byrne admite que o impacto do tsunami parece pior do que o previsto anteriormente. No entanto, ele descarta sinais de uma crise fiscal iminente no Japão. ;As consequências econômicas parecem ser maiores do que esperávamos na sexta-feira;, afirma à agência de notícias Reuters. ;Mas nós ainda vemos que o mercado financiará o governo japonês imediatamente.;