Cairo - O regime líbio "perdeu sua legitimidade", ao "reprimir perigosamente" manifestações de revolta no país, anunciou neste sábado a Liga Árabe, em reunião realizada no Cairo.
Os integrantes da Liga também mostraram-se favor da criação de uma zona de exclusão aérea e de contatos com o Conselho Nacional de Transição, que reúne a oposição na Líbia, anunciaram neste sábado diplomatas que participam da reunião extraordinária da organização.
Os ministros árabes de Relações Exteriores "resolveram de comum acordo convidar o Conselho de Segurança (das Nações Unidas) a assumir suas responsabilidades, estabelecendo uma zona de exclusão aérea para proteger o povo líbio", declarou um desses diplomatas que preferiu não ter o nome divulgado.
"A decisão foi aprovada pelos ministros árabes, com exceção dos representantes de Argélia e Síria", acrescentou.
A Liga Árabe é integrada por 22 países, mas o regime líbio do coronel Muamar Kadhafi foi excluído das reuniões depois da repressão aos rebeldes.
"Os ministros decidiram abrir canais de contato com o Conselho Nacional de Transição (CNT) na Líbia", disse a fonte.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Musa, defende a medida, segundo entrevista concedida à revista alemã Der Spiegel.
"Falo de uma ação humanitária. Trata-se de uma zona de exclusão aérea para apoiar o povo líbio em sua luta par se libertar de um regime cada vez mais indiferente" a seus sofrimentos, declarou Moussa.
Os Estados Árabes do Golfo, dominados pela Arábia Saudita, já haviam renovado, na sexta-feira, seu apoio ao princípio de criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia, mas insistiram na necessidade de a Liga Árabe mostrar-se precavida com uma tal operação.
Reunidos na noite de quinta-feira em Riad, os seis países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) consideraram o regime do coronel Muamar Kadhafi "ilegítimo" e exortaram seus pares árabes, que se encontram neste sábado no Cairo, a "assumir responsabilidades para fazer parar o banho de sangue".
Este apelo à ação, o segundo em uma semana, ilustra a necessidade de os ricos Estados produtores de petróleo mostrarem concretamente solidariedade com a população líbia ante o que denunciaram como "genocídio", numa declaração inicial, divulgada no dia 22 de fevereiro.
"A decisão do CCG de apoiar a criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia não foi tomada apenas pelo reino, mas de forma coletiva", destacou Abdul Aziz Sager, um especialista em Arábia Saudita no Centro de pesquisa sobre o Golfo.