Três pessoas de confissão xiita ficaram feridas, nesta quinta-feira (10/3), em Al Qatif, no leste da Arábia Saudita, por disparos da polícia contra centenas de manifestantes que pediam a libertação de prisioneiros, um dia antes da convocação de protestos no reino.
Entre 600 e 800 xiitas, entre os quais várias mulheres, saíram às ruas de Al Qatif nesta quinta-feira para exigir a libertação de nove detidos desta confissão, explicou uma testemunha que pediu para ter sua identidade preservada.
"Quando a marcha estava prestes a terminar no centro da cidade, os agentes começaram a atirar contra os manifestantes e três ficaram feridos", acrescentou a testemunha, assegurando que havia 200 policiais no local.
Os três feridos foram hospitalizados, mas seus ferimentos não são graves, acrescentou a fonte, garantindo que o ataque da polícia durou pelo menos 10 minutos.
Rede Social
Os incidentes ocorreram na véspera de uma convocação lançada pela rede social Facebook para ir às ruas na sexta-feira pedir reformas no país conservador.
Entre elas, pedem que se "eleja o dirigente e os membros do Majlis al Shura (conselho consultivo)", "libertem os detidos" e haja "libertade de expressão e reunião".
As autoridades sauditas advertiram em várias ocasiões nos últimos dias que as manifestações estão proibidas no reino e que farão respeitar a lei.
Em Riad, a situação era de total normalidade na noite de quinta-feira, mas havia mais patrulhas policiais que o habitual, segundo testemunhas.
Em Washington, o conselheiro adjunto para a Segurança Nacional do presidente Barack Obama, Ben Rhodes, declarou que os Estados Unidos acompanham de perto os acontecimentos na Arábia Saudita, um dos principais aliados no Oriente Médio, e defende os "valores universais" como o direito a se manifestar.
A possibilidade de haver distúrbios no coração do primeiro exportador mundial de petróleo contribuiu para o nervosismo do mercado petrolífero. O Brent do Mar do Norte estava cotado esta quinta-feira, em Londres, por volta de 114 dólares o barril.
O chefe da diplomacia saudita, o príncipe Saud al Faysal, rejeitou na quarta-feira "qualquer ingerência nos assuntos internos" do seu país.
"A reforma não pode ser feita com manifestações", adavertiu. O "diálogo" é a melhor forma de os cidadãos fazerem ouvir suas vozes, lembrou.
Após as convocações feitas no Facebook, algumas centenas de pessoas já tinham protestado na semana passada no leste da Arábia Saudita, com população majoritariamente xiita, para pedir a libertação de um líder religioso.