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Kadafi mantém bombardeios e culpa o Ocidente pela rebelião na Líbia

"Se a Al-Qaeda conseguir tomar a Líbia, então toda a região, até Israel, serão presa do caos", disse o ditador

TRÍPOLI - O ditador líbio Muamar Kadafi manteve sua posição desafiante nesta quarta-feira (9/3), acusando o Ocidente de conspirar para se apoderar do petróleo de seu país e insistindo que os rebeldes são traidores apoiados pela Al-Qaeda. Enquanto isso, os bombardeios continuam. "Os países colonialistas estão armando um plano para humilhar o povo líbio, reduzi-lo à escravidão e controlar o petróleo", afirmou Kadhafi à televisão estatal.

Mais uma vez, ele afirmou que a rede terrorista Al-Qaeda está por trás da insurreição que começou no dia 15 de fevereiro, e pediu que os habitantes de Benghazi, bastião dos rebeldes, "libertem" a cidade. Além disso, lançou acusações contra os países ocidentais, em entrevista exibida nesta quarta-feira pelo canal LCI, da França, e pela TV turca.

[SAIBAMAIS]"Se a Al-Qaeda conseguir tomar a Líbia, então toda a região, até Israel, serão presa do caos", vociferou o ditador, em um trecho divulgado pelo canal TRT da Turquia.

No leste do país, os dois lados assumem posições defensivas, enquanto os combatentes rebeldes denunciam os pesados bombardeios da força aérea leal a Kadhafi.

Cerca de 200 insurgentes estão espalhados pela principal estrada costeira que liga o porto petroleiro de Ras Lanuf à cidade de Bin Jawad, a 30 km. "Hoje nós estabelecemos posições defensivas além daqui", explicou o coronel Masud Mohammed, perto de Ras Lanuf. "As forças de Kadhafi estão em Bin Jawad, estão ocupando a mesquita e a escola", afirmou. "Hoje nós não vamos atacar ainda".

Segundo Mohammed, os aviões do governo realizaram quatro ataques perto de Bin Jawad nesta quarta-feira, deixando vários combatentes rebeldes feridos. Mais tarde, duas bombas foram lançadas sobre posições dos insurgentes na mesma área. Mohammed admitiu que os ataques aéreos atrasaram o avanço das forças rebeldes para Bin Jawad, que já haviam sido repelidas em uma investida no último domingo.

De Zawiyah, poucos quilômetros a oeste de Trípoli, o ex-oficial Murad Hemayma disse que Kadhafi quer retomar o controle da cidade ainda nesta quarta-feira, após dias de um cerco que já matou dezenas de civis. "Em cada esquina há pessoas atirando", contou. "A comunidade internacional precisa fazer alguma coisa".

Enquanto isso, cresce a pressão dentro e fora da Líbia pela imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia. O presidente americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeram discutir opções de ação para lidar com a situação.

Entre outras alternativas, os dois líderes consideram ajuda humanitária, reforço do embargo de armas e a zona de exclusão aérea, segundo a Casa Branca.

Cameron indicou que o mundo não pode apenas assistir enquanto Kadhafi faz "coisas terríveis" contra o povo líbio. "Precisamos nos preparar para o que poderemos ter que fazer se ele continuar massacrando sua população".

A secretária de Estado americana Hillary Clinton, por sua vez, foi mais cautelosa, afirmando que a decisão de definir uma zona de exclusão aérea cabe à ONU.

Já a Arábia Saudita, importante aliado dos Estados Unidos na região, disse que esta decisão cabe à Liga Árabe.