Benghazi - Os rebeldes líbios descartaram nesta terça-feira qualquer tipo e mediação em eventuais negociações com o ditador Muamar Kadhafi, exigindo que o coronel deixe o país. Ao mesmo tempo, o regime desmentiu que tenha oferecido iniciar um diálogo com a oposição.
Embora não esteja claro se a questão de uma possível imunidade legal para o homem que há mais de 40 anos governa a Líbia com mão de ferro foi levantada, o líder do Conselho Nacional Provisório instituído pelos rebeldes disse que a oposição se absteria de processar Kadhafi caso ele decida deixar o país.
Indagados sobre a suposta oferta de diálogo feita por um representante de Kadhafi, o ex-ministro da Justiça Mustafá Abdel Jalil e o presidente do Conselho indicaram que o ditador não enviou ninguém pessoalmente, mas um grupo de advogados ativistas de Trípoli os procuraram voluntariamente com o objetivo de mediar a situação.
"Ele não mandou ninguém. As pessoas estão se oferecendo como intermediários para acabar com o derramamento de sangue e para pôr fim ao que as pessoas em Misrata estão sendo submetidas", explicou Jalil, referindo à terceira maior cidade da Líbia. "Estas pessoas são advogados ativistas de Trípoli", acrescentou.
Mais tarde, o porta-voz do chefe do Conselho, Abdul Hafiz Ghoqa, disse em Benghazi que não houve nenhuma iniciativa de negociação. "Não há nenhuma iniciativa de Kadhafi, e como Conselho Nacional nós não fomos comunicados", indicou.
Na linha de frente da rebelião armada contra o regime de Kadhafi no leste, onde combatentes voluntários sofreram pesadas baixas nos combates com as forças do governo, qualquer possibilidade de negociação é furiosamente rechaçada.
"Nós não vamos concordar com isto nunca! Kadhafi matou mulheres. Ele matou crianças e ele matou nossos combatentes", declarou Tariq Mohammed, que operava uma enorme bateria antiaérea usada para repelir os bombardeios no porto petroleiro de Ras Lanuf. "Vamos para Trípoli e vamos vencer", completou.
Mais cedo, parlamentares líbios haviam dito que não acreditam em uma abordagem por parte do regime de Kadhafi, insistindo que não haverá negociações. "Acho que houve uma tentativa dos homens de Kadhafi (de conversar) com o Conselho Nacional Provisório. Mas isso foi rejeitado", afirmou por sua vez Mustafá Gheriani, representante de mídia dos rebeldes em Benghazi. "Não vamos negociar com ele. Ele sabe onde fica o aeroporto em Trípoli, e tudo que precisa fazer é ir embora e acabar com o derramamento de sangue", destacou. "Por que você discutiria qualquer oferta com este cara? Ele sabe quais são as regras e ele deve sair para acabar com a violência", insistiu Gheriani.