NOVA YORK - França e Grã-Bretanha trabalham em um projeto de resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas para impor uma zona de exclusão aérea na Líbia, que será apresentado "bastante rápido".
"Os franceses e os britânicos estão trabalhando em um texto que será submetido bastante rápido pelos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU. Há um sentimento de urgência. Não podemos deixar que a população seja esmagada sem fazer nada", afirmou uma fonte diplomática que não quis se identificar.
"Devem esperar algo sobre a Líbia (sobre a zona de exclusão aérea) nesta semana", disse a mesma fonte.
"Pode acontecer nesta semana", comentou outro diplomata que pediu o anonimato. "Depende do que acontecer no local. Se houver graves violações dos direitos humanos ou se mercenários estiverem envolvidos" na violência registrada na Líbia, acrescentou.
A adoção de uma nova resolução sobre uma zona de exclusão aérea pelos 15 membros do Conselho de Segurança parece delicada, segundo uma terceira fonte. Alguns países, como China e Rússia, são reticentes a esta opção.
O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, confirmou que a Grã-Bretanha está trabalhando em um projeto de resolução que estabeleça uma zona de exclusão aérea, mas disse que o texto necessita do apoio regional e de "uma base legal clara".
O chanceler britânico indicou que os rebeldes líbios "já pediram explicitamente uma zona de exclusão aérea".
A Liga Árabe transmitiu nesta segunda-feira seu apoio ao projeto de resolução, anunciou o ministério francês das Relações Exteriores, que evocou as manifestações feitas neste sentido pelo secretário-geral Amr Moussa ao chanceler Alain Juppe.
De Trípoli, o ministro líbio das Relações Exteriores, Mussa Kussa, acusou Estados Unidos, Grã-Bretanha e França de "conspirar" para dividir a Líbia.
Por sua vez, o embaixador dos Estados Unidos ante a Otan, Ivo Daalder, afirmou que seu país considera "uma zona de exclusão aérea como uma possibilidade" e acrescentou que a atividade aérea das forças leais ao coronel Kadhafi diminuiu depois de alcançar o pico na semana passada.
Após uma reunião para discutir as diferentes opções que existem para responder à violência registrada na Líbia, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, advertiu que os ataques contra populações civis na Líbia podem constituir "crimes contra a humanidade" e afirmou que, se prosseguirem, a comunidade internacional não poderá permanecer "passiva".
O promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno Ocampo, abriu na semana passada uma investigação contra o líder líbio Muamar Kadhafi e pessoas próximas por supostos crimes contra a humanidade relacionados à repressão da revolta popular desde 15 de fevereiro.
O presidente americano, Barack Obama, advertiu os assessores de Kadhafi que deverão responder pela violência em seu país, em declarações a jornalistas.
"Quero enviar uma mensagem muito clara aos colaboradores do coronel Kadhafi. São eles que devem escolher como atuarão no futuro. Terão que se responsabilizar por qualquer ato de violência que ocorra", disse Obama.
A Casa Branca também afirmou que avalia entregar armas aos rebeldes, mas estimou "prematuro" agir agora, segundo Jay Carney, porta-voz de Obama.
As monarquias árabes do Golfo também estão a favor da criação pela ONU de uma zona de exclusão aérea, segundo um comunicado emitido ao término de uma reunião de chanceleres do Conselho de Cooperação do Golfo, em Abu Dabi.
"Os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) pedem ao Conselho de Segurança da ONU que inicie medidas necessárias para proteger os civis na Líbia, coma imposição de uma zona de exclusão aérea", anunciou à imprensa o secretário-geral do grupo regional, Abdel Rahman al-Attiya.
O CCG agrupa os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita, o Qatar, Omã e Bahrein.
Por sua vez, a Espanha considera que qualquer eventual intervenção política, econômica ou militar na Líbia necessitará do aval da ONU e dos países árabes e africanos, informou nesta segunda-feira à AFP um porta-voz da presidência do governo.
Até agora, a Rússia se converteu no primeiro país do Conselho a rejeitar qualquer ingerência estrangeira na Líbia, explicou nesta segunda-feira o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
"Não consideramos a ingerência externa, em especial militar, como um meio para resolver a crise na Líbia. Os líbios devem resolver seus problemas", declarou Lavrov citado pelas agências russas.
O Conselho de Segurança adotou no dia 26 de fevereiro uma resolução sobre a Líbia que impunha sanções contra Kadhafi, sua família e pessoas próximas, que contemplam principalmente a proibição de viajar e o congelamento de bens.