Na véspera do dia internacional da Mulher, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) lançou um apelo pelo fim da distância entre homens e mulheres no setor agrícola, sobretudo na América Latina, onde elas representam 20% da força de trabalho.
"Se as mulheres nas zonas rurais tiverem o mesmo acesso que os homens à terra, à tecnologia, aos serviços financeiros, à educação e aos mercados, será possível aumentar a produção agrícola e reduzir entre 100 e 150 milhões o número de pessoas famintas no mundo", indicou a FAO nesta segunda-feira, ao publicar seu relatório anual sobre "O estado mundial da agricultura e da alimentação".
O documento, cujo foco é o papel da mulher na agricultura, revela como o setor agrícola trabalha abaixo de sua capacidade em muitos países em desenvolvimento devido a uma profunda desigualdade de gênero.
"O relatório defende sólidas razões econômicas para promover a igualdade de gênero na agricultura", admitiu o diretor geral da FAO, Jacques Diouf, ao apresentar o documento para a imprensa.
"A igualdade de gênero não é apenas um ideal nobre, é também crucial para o desenvolvimento agrícola e a segurança alimentar. Devemos eliminar todas as formas de discriminação contra as mulheres", destacou.
Um dos maiores problemas é que as mulheres "não têm o mesmo acesso aos insumos: terra, gado, trabalho, educação, serviços de extensão, crédito, fertilizantes e equipes mecânicas.
"Se tivessem, seus rendimentos seriam iguais aos dos homens, elas produziriam mais e a produção agrícola como um todo aumentaria", argumenta a FAO.
Segundo os cálculos da entidade, se as mulheres tivessem o mesmo acesso que os homens aos recursos agrícolas, seria possível aumentar entre 20 e 30% a produção das lavouras geridas por mulheres nos países em desenvolvimento.