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Forças leais a Kadhafi atacam cidade controlada pelos rebeldes

BENGHAZI - Pelo menos sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em uma ofensiva executada neste sábado pelas forças de Muamar Kadhafi contra Zawiyah, cidade situada ao oeste de Trípoli e controlada pelos insurgentes, informou uma fonte médica à AFP.

"Houve pelo menos sete mortos na ofensiva desta manhã contra a cidade executada por dois batalhões. Os feridos são contados às dezenas", declarou um médico do hospital da cidade, que pediu anonimato.

"O que aconteceu esta manhã é algo horrível. Mercenários atiraram contra todos os que se atreviam a sair de suas casas, inclusive contra as crianças", disse.

A fonte completou que os rebeldes continuam controlando o centro da cidade, que fica 60 Km ao oeste de Trípoli.

Um habitante da cidade contactado por telefone confirmou que a cidade permanece sob controle dos insurgentes e afirmou que o ataque das forças de Kadhafi foi repelido.

Na sexta-feira, pelo menos 10 pessoas morreram e 21 ficaram feridas nos combates em Ras Lanuf, cidade petroleira estratégica do leste da Líbia.

Os rebeldes anunciaram na sexta-feira que tomaram o controle de Ras Lanuf depois de combates violentos, uma informação que foi desmentida pelo vice-presidente líbio, Khaled Kaaim.

Também na noite de sexta-feira, 27 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na explosão de um arsenal militar perto da cidade de Benghazi, reduto da insurreição no leste da Líbia.

O "Conselho Nacional" criado pela oposição líbia para derrubar o coronel Muamar Kadhafi e preparar uma transição política anunciou que terá sua primeira reunião formal neste sábado, em um lugar secreto.

"A primeira reunião formal do Conselho Nacional acontecerá neste sábado", declarou à AFP o porta-voz do movimento, Mustafah Gheriani, sem revelar local e horário.

"É um tema de segurança. Kadhafi continua assassinando pessoas", declarou.

O ex-ministro da Justiça Mustafah Abdeljalil, uma das primeiras personalidades do regime a passar à oposição, foi nomeado presidente do conselho, que tem 30 membros.

Apesar dos protestos da comunidade internacional e das sanções adotadas contra o regime de Kadhafi, o governo da Líbia continua recebendo "centenas de milhões de dólares" de recursos procedentes do petróleo, afirma o jornal britânico Financial Times.

"Os recursos gerados pelas exportações do petróleo entram no Banco Central da Líbia, ou seja, potencialmente sob o controle de Kadhafi", destaca o jornal financeiro, que cita uma fonte ocidental do setor de energia e corretores do mercado de petróleo.

Nas duas últimas semanas, as exportações líbias de petróleo alcançaram 770 milhões de dólares, segundo o Financial Times.

O jornal afirma que a Líbia exportou 570.000 barris diários na última semana de fevereiro, e 400.000 esta semana.

As exportações de petróleo líbio diminuíram recentemente, mas empresas chinesas e indianas continuam comprando o combustível do país, o quarto maior produtor da África.

Desde 15 de fevereiro, a Líbia é cenário de uma revolta contra o regime de Kadhafi. A oposição controla várias cidades do leste do país, onde estão jazidas, refinarias e terminais de petróleo. Antes da crise, 2,3% da produção mundial de petróleo procediam da Líbia.

A Agência Internacional de Energia, organismo com sede em Paris, calculou que a produção de petróleo líbio caiu a aproximadamente um milhão de barris diários, contra 1,6 milhão de barris nas semanas anteriores.

Em consequência da crise, a Tunísia espera receber milhares de refugiados procedentes da Líbia no fim de semana, depois de ter registrado a passagem de pelo menos 3.000 pessoas pela fronteira na sexta-feira, afirmou à AFP o diretor regional do Crescente Vermelho (a Cruz Vermelha nos países muçulmanos) tunisiano.

"Esperamos que a passagem normal de 10.000 novos refugiados recomece", afirmou Monji Slim.

"Os refugiados esperam do lado líbio, nas cidades vizinhas. Sabem que a fronteira está saturada e esperam que procedamos as retiradas para cruzar a fronteira", disse.

Os bengaleses, mais de 10.000, formam a maior parte do contingente de refugiados na Tunísia.

Desde 10 de fevereiro, mais de 100.000 pessoas em fuga do caos na Líbia cruzaram a fronteira com a Tunísia.