LONDRES - Um dos filhos do líder líbio Muamar Kadhafi, Saif al Islam, negou que o regime de seu pai tenha atacado civis, em uma entrevista à rede de televisão britânica Sky News transmitida nesta terça-feira (1/3).
Ouvido sobre se negava categoricamente que o regime atacou a população, respondeu: "Sim, negamos". "Desafio todos a me mostrar a prova" do contrário, acrescentou o filho mais novo de Kadhafi, de 38 anos, nesta entrevista gravada em Trípoli, informando que os jornalistas tinham liberdade para ir a qualquer parte da Líbia.
Saif al Islam reconheceu, por sua vez, que já não havia "exército organizado" no leste do país, mas negou que o regime tenha perdido o controle desta região.
"A autoridade civil ainda está lá e está em contato com Trípoli", afirmou. "Há um problema no leste, é preciso admitir. Mas o leste só representa 20% do país. O resto está bem", relativizou, quando a revolta entra em sua terceira semana.
"Há alguns grupos terroristas, um número pequeno, em duas cidades. Querem criar seus próprios Estados. Têm uma emissora de rádio, uma pequena milícia, mas não é grande coisa", disse. "O resto da população, os outros dois milhões de pessoas, não estão com eles", insistiu Saif al Islam nesta entrevista realizada em inglês.
Quando foi perguntado se seu pai tinha a intenção de abandonar o país, foi categórico: "Somos líbios. Eu, pelo menos, sou um cidadão normal. Este é o meu país. Vivemos aqui, morremos aqui. Ir embora? Por quê? Para que?".
"Não temos a intenção de ser a família governante. Disse isso muitas, muitas vezes antes, durante os 10 últimos anos. Precisamos de democracia na Líbia. Mas devemos começar com leis, Constituição, governância local, eleições", afirmou o jovem Kadhafi. "Agora a prioridade é restaurar a paz e a harmonia", acrescentou.
"Neste momento ninguém está falando de uma mudança de regime porque isso não é uma prioridade para ninguém", afirmou o filho do líder líbio, que se agarra ao poder apesar de exercer sua liderança apenas em Trípoli, seus arredores e em alguns bastiões do árido sul.
Saif al Islam, que residiu na capital britânica enquanto estudava na London School of Economics (LSE), completou um doutorado em Filosofia em 2008 com uma tese intitulada "O papel da sociedade civil na democratização das instituições de governança global".
A Universidade anunciou nesta terça-feira que estava investigando "acusações de plágio" contra ele, poucos dias depois de cortar todos os vínculos com seu ex-aluno e financiador de seus programas.