BRUXELAS - O PIB da zona euro subirá em 2011 mais que o esperado, 1,6%, graças sobretudo ao ímpeto da Alemanha, enquanto a Espanha continuará na lanterna, previu a Comissão Europeia nesta terça-feira, advertindo sobre uma forte inflação acentuada pela instabilidade no Oriente Médio.
A zona euro, integrada por 17 países desde a entrada da Estônia em 1; de janeiro, registrou em 2010 um crescimento de 1,7%, consolidando sua saída da pior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial, com uma retração de 4,1% em 2009.
Até agora, a Comissão Europeia tinha previsto uma progressão do PIB de 1,5% em 2011.
A leve melhora das perspectivas deve-se especialmente à recuperação da economia mundial, assim como ao bom ritmo das exportações europeias e ao esperado "reequilíbrio do crescimento da demanda interna" este ano, segundo o executivo da comunidade.
As duas maiores economias, Alemanha e França, continuarão carregando a Eurozona.
A Alemanha, apontada como "o motor da recuperação econômica", terá uma progressão do PIB de 2,4% em 2011, contra os 2,2% previstos anteriormente. A França crescerá um décimo a mais que o esperado, 1,7%.
As perspectivas melhores são resultado de uma recuperação da economia mundial, assim como das exportações europeias e do "reequilíbrio do crescimento da demanda interna" esperados para 2011, segundo a Comissão Europeia.
Mas Bruxelas adverte para um crescimento desigual dentro da zona euro. A Espanha será a potência europeia de menor crescimento em 2011, 0,8%, abaixo da previsão de Madri de 1,3%.
O Executivo comunitário publicou nesta terça-feira as previsões para a Eurozona, as sete potências que representam 80% do PIB europeu (Alemanha, França, Itália, Espanha, Grã-Bretanha, Holanda, Polônia) e o conjunto dos 27 países da União Europeia (UE).
Para o bloco o crescimento previsto é de 1,8%, o que representa 0,1% a mais que a projeção anterior.
Paralelamente, a Comissão projeta uma forte inflação de 2,2% (1,8% previamente) para 2011 na zona euro, um dado que, adverte, "dependerá em certa medida da evolução política no Oriente Médio e África do Norte", cujas revoltas sociais, especialmente na Líbia, provocaram uma alta expressiva dos preços do petróleo.
A previsão de inflação supera os 2% recomendados pelo Banco Central Europeu (BCE), responsável por proteger a estabilidade dos preços na Eurozona.
"Se as tensões geopolíticas na região ampliarem-se, não podem ser desconsideradas interrupções no fornecimento de petróleo, alimentando a alta dos preços acima do que calculamos nestas previsões", advertiu Bruxelas.
O barril de Brent do Mar do Norte para fornecimento em abril era cotado nesta terça-feira em 112 dólares, depois de alcançar 120 dólares na semana passada pela primeira vez desde agosto de 2008.
Por outro lado, o executivo da Comunidade Europeia destacou um certo retorno à calmaria nos mercados financeiros, depois das fortes turbulências provocadas pela crise da dívida na Europa.
Mas a situação continua sendo "relativamente frágil", previu Bruxelas, afirmando que as finanças públicas de alguns países enfrentam "importantes vulnerabilidades".
Depois dos resgates financeiros de Grécia e Irlanda em 2010, Portugal e em menor medida Espanha centraram os temores dos mercados, com um encarecimento de seus títulos públicos nos últimos meses.