Londres - Mohamed Al Sanusi, sobrinho-neto do rei líbio Idris, derrubado em 1969 por Muamar Kadafi, afirma ser o "príncipe da Líbia exilado" e apoiar "os heróis da revolta popular" contra o atual regime, dirigido por um "assassino do povo".
Refugiado desde 1988 em Londres, este homem de 48 anos, que parece um discreto empresário, considera Kadafi seu grande inimigo.
O líder líbio derrubou o regime de seu tio-avô, o pró-britânico rei Idris, em 1969, e depois colocou seu pai sob prisão domiciliar, com sua mulher e oito filhos, quando Mohamed tinha sete anos.
Posteriormente, Kadhafi expulsou toda a família, que se refugiou na Grã-Bretanha em 1988 e, agora, "está massacrando seu povo".
Depois de anos sem dar declarações a veículos de comunicação, Mohamed Al Sanusi apareceu esta semana vestido de terno e gravata no canal do Qatar Al-Jazeera.
"A comunidade internacional tem que pressionar Kadhafi, pedir a ele que deixe de matar sua própria gente e que vá embora, ele, seus filhos e seu regime", declarou à AFP com voz tranquila.
"Tenho contatos em todo o país, de leste a oeste. Me descreveram um desastre humanitário terrível, com gente morrendo todos os dias", afirmou.
Quando questionado se é partidário de uma intervenção militar externa contra Kadhafi, responde: "a única coisa que digo é que é necessário fazer todo o possível para acabar com esse massacre".
Mohamed Al Sanusi olha com prazer a aparição, nas manifestações, de bandeiras do ex-regime monárquico. "É a bandeira da liberdade, da independência. Me alegra muito que se transforme no símbolo dos jovens em revolução", comentou.
Kadafi proibiu essa bandeira e a substituiu por outra toda verde que representava, segundo ele, uma Líbia "popular e socialista".
Al Sanusi dá poucos detalhes de sua vida em Londres. Em algumas das poucas entrevistas publicadas no passado, assegurava viver em um apartamento "nada suntuoso". Não se sabe se ele exerce alguma profissão, e ele afirma viver graças ao apoio de líbios exilados.
Entre seus antepassados, está Mohamed Ali Al Sanusi, que fundou em 1840 em um oásis do deserto uma confraria muçulmana e nacionalista, a Sanusiya, que lutou contra colonizadores franceses e italianos.
Seu tio-avô, Ibris, subiu ao trono quando a Líbia tornou-se o primeiro país independente da África do Norte, em 1951.
Em seu primeiro comunicado "ao valioso povo líbio", "o príncipe exilado" afirma que, em 1984, quando os "comitês revolucionários" de Kafhafi acabaram com a casa e os pertences da família real, ele e seus pais viveram temporariamente em uma "cabana na praia".