TÚNIS - Milhares de tunisianos, em sua maioria estudantes, reclamavam nesta sexta-feira a renúncia do chefe de Governo de transição, Mohammed Ghannouchi, ante a Kasbah, epicentro dos protestos que resultaram na saída do presidente Zine El Abidine Ben Ali em janeiro passado.
Alguns agentes policiais falaram de mais e 100.000 manifestantes. As pessoas continuavam chegando ao local de concentração, vigiado por helicópteros do exército.
Segundo membros da Crescente Vermelho (Cruz Vermelha) e manifestantes no local, trata-se da maior manifestação desde a queda de Ben Ali, em 14 de janeiro.
"Ghannouchi, vá embora" e "Este governo é uma vergonha" eram algumas das palavras de ordem dos manifestantes. Outros exibiam cartazes com dizeres do tipo "Ghannouchi, tua insistência mostra que você esconde tua má fé".
O primeiro-ministro transferiu seu escritório no final de janeiro de Kasbah para o palácio presidencial de Cartago, periferia da Tunísia, depois de uma primeira manifestação na qual os tunisianos acamparam durante uma semana.
Cerca de 4.000 manifestantes se manifestaram no domingo ante a Kasbah para reclamar a demissão do governo provisório, a eleição de uma assembleia constituinte e o estabelecimento de um sistema parlamentar.
Mohammed Ghannouchi foi o primeiro-ministro de Ben Ali de 1999 até sua queda em função da pressão popular.
Depois da formação, em 17 de janeiro, de um governo de união nacional no qual a atual equipe conservou a maior das pastas, milhares de pessoas se manifestaram diariamente para obter sua demissão.
Sob a pressão a rua, Ghannouchi reformou o governo de transição e afastou os principais caciques do antigo regime em 27 de janeiro.