Washigton - O Exército americano ordenou o uso ilegal de medidas psicológicas em senadores e congressistas para conseguir mais verbas para financiar a guerra do Afeganistão, revelou nesta quinta-feira (24/2) a revista Rolling Stone, motivando a abertura de uma investigação.
O artigo afirma que o general William Caldwell, responsável pelo treinamento das tropas afegãs, pressionou soldados americanos de uma célula "psy-ops" (operações psicológicas), responsável por influenciar no comportamento do inimigo, para manipular senadores e congressistas em visita ao terreno, assim como celebridades e autoridades de outros países.
O objetivo era conseguir mais dinheiro e mais tropas na luta dos Estados Unidos contra os talibãs.
Carreira
Segundo a revista, o general quis promover sua própria carreira mediante esta técnica. De fato, os membros chamavam a missão de "Operação quatro estrelas", já que Caldwell ostentava três, informa o artigo.
"O general David Petraeus, comandante das forças americanas no Afeganistão, ordenou uma investigação para determinar os fatos e as circunstâncias destes temas", disse em uma nota nesta quinta-feira o coronel David Lapan, porta-voz do Pentágono.
A investigação deverá esclarecer "o que ocorreu e o que foi feito de forma imprópria ou ilegal", de acordo com a nota do Departamento de Defesa.
Entre as pessoas que foram objeto das manipulações psicológicas encontram-se os senadores John McCain, Joe Lieberman, Jack Reed, Al Franken e Carl Levin.
A Rolling Stone também cita o chefe do Estado-Maior Conjunto, Mike Mullen, o ministro do Interior alemão e o embaixador tcheco no Afeganistão.
A revista se baseia em declarações do coronel Michael Holmes, comandante da célula: "Meu trabalho com a ;psy-ops; é jogar com o cérebro das pessoas, de forma a levar o inimigo a agir tal e como desejamos. Não tenho a intenção de fazer isto com os nossos. Se me pedem para utilizar estas técnicas com senadores ou congressitas, é como atravessar o sinal vermelho".
Segundo Holmes, seu superior pediu para reunir documentos sobre os visitantes com o objetivo de conhecer "os pontos fracos sobre os quais poderíamos atuar para obter mais fundos".
O artigo afirma que o general Caldwell pediu em janeiro à administração 2 bilhões de dólares para treinar 70 mil soldados das forças de ordem afegãs. Esta estratégia foi apoiada pelo senador Levin, presidente da comissão de Defesa.
Em um comunicado, Levin lembrou nesta quinta-feira que apoiava há tempos a ampliação das forças armadas no Afeganistão e que não "precisava ser convencido".
O senador garantiu estar "confiante" de que o Exército investigará as acusações divulgadas na revista.
A Rolling Stone publicou em junho de 2010 uma entrevista com o general Stanley McChrystal, então comandante das forças internacionais no Afeganistão, na qual criticava a administração Obama. Ele terminou por se demitir após o escândalo provocado por suas declarações.