[SAIBAMAIS]Saif al Islam Kadhafi reconheceu que várias cidades do país, entre elas Benghazi e Al Baida, no leste, enfrentam violentos combates e que os responsáveis pelos distúrbios tomaram posse de armas milirares. É em Benghazi que trabalham os 123 funcionários brasileiros da construtora Queiroz Galvão, que tanto a empresa quando a chancelaria do Brasil tentam retirar do país em um avião fretado, informou à AFP uma fonte oficial.
"Neste momento, os tanques se deslocam em Benghazi dirigidos por civis. Em Al Baida, as pessoas levam fuzis e muitos depósitos de munições foram saqueados. Temos Armas, o exército tem armas, as forças que querem destruir a Líbia têm armas", disse Saif al Islam Kadhafi, segundo quem milhares de pessoas se dirigem para Trípoli. "Se todos estão armados, é guerra civil", afirmou.
De acordo com o filho de Khadafi, cujas declarações foram transmitidas pela televisão líbia, os confrontos são provocados por elementos que têm como objetivo destruir a unidade do país e instaurar uma república islâmica. "Destruiremos os elementos da sedição", disse, prometendo uma Constituição e novas leis liberais.
"O exército terá agora um papel essencial para impor a segurança porque é a unidade e a estabilidade da Líbia" que estão em jogo, declarou o filho do líder líbio, afirmando que o exército lívio "não é o exército tunisiano, não é o exército egípcio". "A Líbia está em uma encruzilhada. Ou entramos em acordo hoje sobre as reformas, ou não choraremos 84 mortos, mas milhares e mais e haverá rios de sangue em toda a Líbia", acrescentou Saif al Islam, segundo quem é exagerado o número de vítimas divulgado pela imprensa estrangeira.
De acordo com a ONG humanitária Human Rights Watch, 173 pessoas morreram na repressão aos protestos antirregime iniciados em 15 de fevereiro. Segundo um balanço da AFP, feito com base em várias fontes líbias, morreram 77 pessoas, a maioria em Benghazi, nas manifestações contra o regime do coronel Kadhafi, no poder há 42 anos. "Tomaremos as armas... Lutaremos até a última bala", disse. "Muamar Kadhafi comanda a batalha de Trípoli e venceremos", disse.
"A Líbia não é o Egito, não é a Tunísia. Não há partidos políticos na Líbia", acrescentou. "Muamar Kadhafi não é Zine el Abidine Ben Ali. Não é Mubarak", desafiou. Muamar Kadhafi, que dirige o país desde 1969, não fez qualquer declaração pública desde que começaram os atos de violência. "Não vamos abandonar a Líbia", declarou Saif Al Islam, e afirmou: "viveremos na Líbia, morreremos na Líbia".
Segundo informações ainda não confirmadas, Muamar Kadhafi, nascido em 1942, teria deixado a Líbia no domingo à noite. Na Venezuela, fontes oficiais desmentiram em declarações à AFP que o líder líbio tenha deixado seu país rumo ao aliado sul-americano, ao contrário de boatos que circularam nas últimas horas nas redes sociais na internet. "É falso", asseguraram as fontes, que preferiram manter a identidade em sigilo.
Centenas de mensagens circularam este domingo em redes sociais como o Twitter, assegurando que Kadhafi deixou Trípoli a bordo de um avião com destino à Venezuela.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, e Kadhafi estreitaram suas relações nos últimos tempos e declararam travar uma batalha contra o mesmo inimigo: o imperialismo. O chefe de Estado venezuelano esteve em Trípoli em outubro passado e Kadhafi visitou a Venezuela em setembro de 2009.