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Chancelaria tenta tirar brasileiros da Líbia

Brasília - A chancelaria brasileira tenta, através de seu embaixador na Líbia, obter permissões para retirar em um avião fretado cerca de cem funcionários da construtora Queiroz Galvão de Benghazi (leste), onde tem havido enfrentamentos entre manifestantes e forças de segurança que teriam deixado pelo menos 173 mortos, informou à AFP uma fonte oficial.

O embaixador do Brasil em Trípoli, George Ney de Souza, tramita as permissões de sobrevoo e aterrissagem para um avião fretado pela empresa, que tem 123 funcionários brasileiros trabalhando em Benghazi. A fonte da chancelaria informou que a companhia "deixou que os funcionários decidissem" se ficam ou se vão, e fretou um avião para retirá-los da região.

[SAIBAMAIS]"Alguns sim (querem ir) e outros não", disse a fonte sobre os funcionários da empresa. Benghazi, segunda cidade líbia (1.100 km ao leste de Trípoli), é um dos focos da rebelião contra o coronel Muamar Kadhafi, que governa o país petrolífero do norte da África há 42 anos. Pelo menos 173 pessoas morreram na Líbia desde terça-feira na repressão das manifestações contra o regime, segundo balanço da organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) divulgado no domingo, dia em que o protesto se aproximava da capital, Trípoli.

"Há 173 mortos. É um balanço prudente baseado em fontes hospitalares no leste da Líbia, em Benghazi e outros três lugares", disse à AFP Tom Porteous, porta-voz da HRW, com sede em Nova York. "É um balanço incompleto e também há um grande número de feridos. Segundo fontes médicas na Líbia, os ferimentos indicam que estão sendo usadas armas pesadas contra os manifestantes", acrescentou Porteous. Na Líbia vivem entre 500 e 600 brasileiros.

A onda de protestos contra os regimes autoritários de países muçulmanos do norte da África e do Oriente Médio começou no mês passado com levantes que depuseram os presidentes de Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, e Egito, Hosni Mubarak. Desde então, teve fortes repercussões na Líbia, no Bahrein e no Iêmen, e este domingo se fez sentir no Marrocos.