Há 10 dias, o ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, amarga sua saída forçada do poder descansando com a família no paradisíaco balneário de Sharm El-Sheik. Em sua própria mansão, se refaz da enorme pressão popular que o fez renunciar após 30 anos no poder. A aparente tranquilidade, no entanto, esconde outra batalha que Mubarak já começou a travar: garantir todos os bens que desviou durante três décadas de governo. Especula-se que o valor seja algo entre US$ 40 bilhões e US$ 70 bilhões ; mais de um terço da economia do Egito. A Suíça já determinou o congelamento de todo o dinheiro relacionado ao nome do ex-ditador e a seu círculo mais próximo. Agora, organizações não governamentais pressionam outros governos europeus para que adotem a mesma medida.
Apesar de a corrupção no governo Mubarak não ser novidade, as estimativas sobre a fortuna do ditador de 82 anos ; que seria maior do que a do bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft ; chocaram o Egito e o mundo. Nos últimos 30 anos, enquanto o presidente engordava contas da família no exterior, um quinto da população egípcia vivia com menos de US$ 2 por dia, segundo as Nações Unidas. Em apenas oito anos de seu governo, entre 2000 e 2008, US$ 57 bilhões foram retirados do Egito por meio de atividades financeiras ilícitas, de acordo com a organização Global Financial Integrity, de Washington.
Os bens e as propriedades de Mubarak, no entanto, serão difíceis de ser astreadoss. Logo após o anúncio da Suíça de que congelaria os bens do ex-ditador, os assessores econômicos do ex-líder egípcio movimentaram grande parte da fortuna de bancos europeus para instituições na região do Golfo. O próprio presidente teria começado a transferir contas bancárias nos últimos dias de poder. ;Tudo foi feito por uma rede complexa e houve grande esforço para esconder as pistas. Os remanescentes do regime estão rasgando um monte de documentos;, disse ao Correio o especialista egípcio Aladdin Elaasar, autor de O último faraó: Mubarak e o futuro incerto do Egito no volátil Oriente Médio.
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