MANAMA - O príncipe herdeiro do Bahrein, Salman ben Hamad Al-Khalifa, prometeu nesta sexta-feira (18/2) começar um diálogo nacional assim que a calma for restaurada, enquanto os manifestantes que pedem reformas democráticas são reprimidos violentamente, segundo testemunhos, inclusive, de um fotógrafo da AFP.
"Eu não faço nenhuma distinção entre um bareinita e outro. Isto que está acontecendo é inaceitável", declarou o príncipe Salman, em transmissão especial da TV oficial.
"O Bahrein nunca foi um Estado policial", acrescentou, destacando: "todas estas pessoas são meus concidadãos e a fase que atravessamos é delicada e requer que sejamos todos responsáveis", afirmou.
"É preciso que o nosso diálogo transcorra em calma", afirmou, assegurando que "ninguém pode ser excluído deste diálogo".
"O Bahrein vive hoje um estado de divisão e isto é inaceitável", reforçou o príncipe.
Nesta sexta-feira, a polícia bareinita voltou a reprimir com violência manifestantes reunidos em Manama esta sexta-feira, depois de provocar a morte de quatro manifestantes na véspera.
Segundo um fotógrafo da AFP no local, dezenas de pessoas pedindo reformas democráticas ficaram feridas quando policiais abriram fogo contra a primeira tentativa de concentração na capital desde as mortes de quinta-feira.
Os manifestantes tentavam se reunir na praça da Pérola, no centro de Manama, no mesmo local onde as forças de segurança dispersaram à força o protesto antirregime de ontem.
Segundo testemunhas, os tiros tinham como alvo os manifestantes que se encontravam perto do hospital Salmaniya de Manama, e deixaram vários feridos. Um fotógrafo da AFP no local mencionou dezenas de feridos.
O Bahrein é um pequeno reino povoado majoritariamente por xiitas e governado desde o século XVIII por uma dinastia sunita.
Enquanto os xiitas enterravam, nesta sexta-feira, os quatro mortos na véspera, milhares de sunitas marcharam em Manama para declarar apoio ao rei Hamad Ben Salman Al-Khalifa.
A oposição pediu a demissão do governo depois da dispersão violenta da manifestação pacífica da véspera, declarou na quinta-feira à AFP o chefe do movimento xiita Al-Wefaq, xeque Ali Salmane.
O primeiro-ministro, xeque Khalifa ben Salman Al-Khalifa, tio do rei, ocupa o cargo desde a independência do Bahrein, em 1971.
Segundo o líder xiita, a oposição deseja que um novo governo proponha reformas políticas e reveja a Constituição contemplando o princípio de uma alternância pacífica do poder e institua uma monarquia constitucional.
O xeque Salmane também confirmou a saída de seu grupo do Parlamento, onde controla 18 das 40 cadeiras da Câmara baixa.
"O (bloco) Al-Wefaq decidiu deixar completa e definitivamente o Parlamento", afirmou.