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Egípcios querem melhoria da qualidade de vida e mantêm protestos

Os egípcios ainda permanecem em aglomerações e pequenas manifestações nas ruas das principais cidades do país. Depois da renúncia do presidente Hosni Mubarak, os manifestantes intensificaram os protestos em defesa de aumentos salariais e melhorias das condições de trabalho. O apelo do Exército para que voltassem à normalidade não surtiu efeito sob os manifestantes.

A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, anunciou que na próxima terça-feira (22) chega ao Cairo para conversar com os integrantes da junta militar responsável pelo governo provisório. Antes da saída de Mubarak, ela tentou visitar o Egito, mas recebeu um comunicado recomendando que não viajasse.

Os 27 integrantes da União Europeia informaram estar dispostos a ajudar o Egito a preparar as eleições presidenciais previstas para setembro. Paralelamente, a UE analisa o pedido das autoridades egípcias para congelar os bens de Mubarak e outras autoridades ligadas a ele e ao antigo governo.

Ao longo do dia hoje (16) foram registradas paralisações e concentrações no Delta do Nilo, nas cidades ao longo do Canal do Suez, no Cairo e na segunda maior cidade do país, que é Alexandria.
Os bancos reabriram suas portas, mas a Bolsa de Valores do Cairo informou que só retornará às atividades no próximo domingo (20).

Depois da suspensão da greve marcada para o último domingo (13), os empregados da maior fábrica do Egito voltaram ao protesto para exigir aumentos salariais e melhores condições de trabalho, um dia depois do Exército ter alertado para as consequências ;desastrosas; de uma nova contestação social.

Uma greve estava também em curso numa outra grande fábrica têxtil, em Helwan, nos arredores do Cairo. Em Isma;liya, no Canal do Suez, os empregados dos serviços públicos de irrigação, educação e saúde reivindicam melhores salários.

Cerca de 40% da população do Egito vivem abaixo do limite da pobreza, tendo como renda média per capita US$ 2 por dia. O salário mínimo, fixado no ano passado em US$ 70, é considerado insuficiente. Ontem (15) os militares que ocupam o governo provisório apelaram à comunidade internacional para apoiar a economia do país.

Durante a onda de protestos, as autoridades estimam que houve, em média, perda de US$ 310 milhões por dia, segundo o banco Crédit Agricole, que baixou as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Egito, em 2011, de 5,3% para 3,7%.