Nova York - A censura na América Latina alcançou um dos níveis mais altos desde que a região democratizou-se há três décadas, denunciou um relatório do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), que criticou a censura ao jornal ;O Estado de S.Paulo; no Brasil.
"Apesar de a censura não ter a mesma envergadura que durante as ditaduras militares, quando muitos jornalistas desapareceram e as forças armadas ditavam o que podia ou não ser publicado, seu ressurgimento é preocupante", adverte o relatório do CPJ sobre os ataques à imprensa em 2010.
Segundo June Carolyn Erlick, ex-repórter na América Latina e atualmente diretora editorial na Universidade de Harvard, "hoje a censura é mais insidiosa". "As ameaças continuam presentes e às vezes conduzem à autocensura, inclusive antes de a censura exercer-se", explicou.
Sarney
O CPJ cita o exemplo de pressões no Brasil da família Sarney, que mediante uma ação judicial deteve a publicação de denúncias sobre nepotismo e corrupção pelo ;Estadão;.
Na Venezuela, o regime de Hugo Chávez proibiu o jornal El Nacional e outros veículos de publicar imagens violentas durante o mês anterior às eleições legislativas de setembro.
No Equador, o governo do presidente Rafael Correa "tentou substituir as vozes independentes com as suas próprias", enquanto que Cuba "manteve seu estrito regime de censura", assegura o documento.
A autocensura também causa estragos no México, "como consequência da violência dos cartéis de droga e dos grupos criminosos", completa o CPJ.
O relatório anual faz um balanço global da liberdade de imprensa e dos ataques contra jornalistas no mundo todo. No total, 44 jornalistas foram mortos em 2010.
Oito morreram no Paquistão, cinco no Iraque, três respectivamente em Honduras, México e Indonésia, e dois na Somália. O relatório completo pode ser consultado on-line no site do CPJ: http://www.cpj.org/.