TEERÃ - Enfurecidos com as manifestações organizadas na véspera em Teerã, deputados da situação iraniana criaram polêmica nesta terça-feira (15/2) no Parlamento ao exigir o enforcamento de líderes da oposição, que convocaram o protesto.
Os parlamentares pediram a morte de Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karubi, que foram impedidos pela polícia de comparecer às passeatas - a princípio, convocadas para demonstrar apoio às revoltas pró-democracia do mundo árabe, mas que rapidamente transformaram-se em uma manifestação contra o governo do presidente Mahmud Ahmadinejad.
Segundo dados oficiais, uma pessoa morreu e nove ficaram feridas nas manifestações, reprimidas pela polícia.
Mohammad Khatami, ex-presidente reformista, também foi alvo da ira dos deputados da bancada governista, que condenaram seu apoio ao movimento de oposição desde as eleições de junho de 2009.
"Mousavi e Karubi devem ser executados! Morte a Mousavi, Karubi e Khatami", gritavam os parlamentares, segundo reportagem da agência IRNA.
Além disso, o grupo afirmou que os Estados Unidos, o Reino Unido e Israel orquestraram as manifestações de segunda-feira em Teerã através dos líderes oposicionistas - que, segundo o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, estão sendo "corrompidos" pelos inimigos do Irã.
"O Parlamento condena os sionistas, os americanos e a ação antirrevolucionária e antinacionalista dos agitadores", exclamou um encolerizado Larijani na tribuna do Parlamento.
"Como foi que os senhores (Mousavi e Karubi) (...) caíram na armadilha armada pela América?", indagou.
Por fim, o presidente da Casa afirmou que um comitê deveria ser formado para apurar e "confrontar" o movimento de oposição.
Apesar da rígida proibição contra a passeata e da mobilização de um forte esquema de segurança - que incluiu a prisão domiciliar de Mousavi e Karubi para que não participassem -, milhares de pessoas tomaram as ruas da capital iraniana na segunda-feira para protestar contra o governo.
Houve violentos confrontos entre os manifestantes e a polícia, que chegou a lançar bombas de gás lacrimogêneo e balas de tinta para dispersar o ato político, segundo testemunhas.
Ahmad Reza Radan, subdiretor da polícia iraniana, confirmou nesta terça-feira a morte de um manifestante nos enfrentamentos, divulgada na véspera por uma agência de notícias.
"Uma pessoa foi martirizada pelos Monafaghines nos tiroteios registrados nos eventos de ontem (segunda)", declarou Radan, citado pela agência Fars, referindo-se através de um nome pejorativo ao movimento de oposição exilado Mudjahedines do Povo Iraniano, que negou a acusação de ter atacado os manifestantes.
Segundo uma parlamentar, no entanto, foram dois os mortos nas manifestações.
Kazem Jalali, membro da comissão parlamentar para segurança nacional política externa, afirmou à agência Isna que o novo balanço foi revelado pelo ministro do Interior, Mostafa Mohammad Najjar.
"Na sessão de hoje da comissão com o ministro do Interior, ele afirmou que várias pessoas ficaram feridas e duas foram martirizadas", disse Jalali.
A polícia anunciou que apenas uma pessoa havia falecido nos confrontos e atribuiu a culpa aos membros da oposição.
Este foi o primeiro protesto contra o governo em Teerã desde fevereiro de 2010.
A secretária de Estado americana Hillary Clinton elogiou a "coragem e as aspirações" dos manifestantes, e pediu ao Irã que siga o exemplo do Egito e permita uma abertura.
"Desejamos à oposição e às bravas pessoas que foram às ruas em várias cidades do Irã a mesma oportunidade que viram seus colegas do Egito agarrarem na semana passada", disse Hillary.
Já William Hague, secretário de Assuntos Exteriores britânico, declarou que "o presidente Ahmadinejad disse ao povo egípcio na última sexta-feira que eles tinham o direito de expressar suas próprias visões sobre o país".
"Peço às autoridades iranianas que concedam ao seu povo o mesmo direito, e que garantam uma atitude contida por parte das autoridades de segurança", acrescentou.