Brasília ; A exigência do Exército do Egito para que os manifestantes deixassem nesta segunda-feira (14/2) a Praça Tahrir, centro dos protestos contra o governo, só funcionou por algumas horas. Os ativistas retornaram ao local mas, agora, para fazer reivindicações trabalhistas. Cerca de 2 mil policiais, bancários, funcionários da indústria do turismo e do transporte exigem aumento salarial e melhores condições de trabalho.
Por intermédio da rede estatal de televisão do Egito, o Exército pediu que os trabalhadores egípcios ajudem a recuperar a economia do país, evitando greves. Um porta-voz militar disse que as greves, neste ;momento delicado;, levam a resultados negativos e pediu para que os ;cidadãos e sindicatos desempenhem suas obrigações;.
Porém, por volta de meio-dia (8h de Brasília), um grupo de cerca de 2 mil pessoas chegou à praça, bloqueando o trânsito e exigindo a saída de integrantes do governo ligados ao ex-presidente Hosni Mubarak ; que renunciou na última sexta-feira (9).
Perto da praça, policiais fizeram um protesto após uma passeata. Alguns deles carregavam fotos de colegas supostamente mortos nos confrontos com manifestantes em que dezenas de pessoas morreram e mais de 1,5 mil ficaram feridas. Um cartaz carregava a frase: "Estas também são vítimas do regime".
Ontem (13) a polícia egípcia também foi às ruas para protestar por melhores salários, benefícios, redução na jornada de trabalho e por mais respeito à instituição. Centenas de oficiais, policiais e civis que atuam na polícia marcharam até o Ministério do Interior onde foram impedidos pelo Exército de entrar no prédio.
Segundo eles, um oficial da polícia ganha cerca de US$ 85 por mês e trabalha entre 12 e 15 horas por dia. Os policiais disseram ter sido obrigados a reprimir as manifestações antigoverno sob pena de prisão. Eles foram vaiados pelas pessoas, que exigiram que se retirassem do local. Os militares fizeram um cordão de isolamento para separar os dois lados.
Segundo o governo, o Egito perdeu mais de US$ 6 bilhões durante os 18 dias de protestos, que paralisaram o turismo e outros setores da economia.
De acordo com a emissora de TV estatal do país, os militares tiveram que se reunir nesta segunda-feira com outras categorias profissionais para impedir greves que exigem melhores salários e a remoção de chefes ligados ao partido político de Mubarak, o Partido Nacional Democrático (PND).
O governo já havia anunciado que sua prioridade era restabelecer a segurança no país e reativar a economia. Mas jornais egípcios falaram em novas greves de outras categorias profissionais de servidores públicos, como os de ferroviários, mídia e correios.