O embaixador brasileiro no Egito, Cesário Melantonio Neto, afirmou hoje (12) que o clima no país é de tranquilidade, um dia após a renúncia do presidente Hosni Mubarak. As manifestações populares, descritas por ele como "de júbilo e muita alegria", continuam no Cairo, capital egípcia. Jovens colocaram uma pedra de mármore em uma das principais praças da cidade em memória aos que morreram durante os confrontos.
"O ambiente é de estabilidade e de ordem pública. Está tudo sob o controle das Forças Armadas. Hoje não se trabalha, a semana começa apenas no domingo. Estamos esperando para ver", disse, ao citar o que chamou de "vazio constitucional" deixado por Mubarak, em razão do Parlamento dissolvido.
Para o embaixador do Brasil no Egito, a queda do presidente, depois de quase 30 anos no poder, e a transição para uma sociedade mais democrática podem fortalecer as relações entre os dois países.
O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou ontem (11) que o governo brasileiro vê com "muita simpatia" o fortalecimento do movimento democrático no Egito.
Em entrevista à Agência Brasil, Neto não descartou a possibilidade de antecipação das eleições presidenciais naquele país, previstas para setembro. O então vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, já havia cogitado a hipótese de que o pleito ocorra em agosto.
A oposição no Egito, de acordo com o embaixador, pede a suspensão do estado de emergência e a libertação dos cerca de 10 mil presos políticos - a maioria integrante da Irmandade Islâmica. O toque de recolher já foi reduzido e passou a valer da meia-noite às 6h, uma demonstração, segundo Neto, de confiança na ordem pública por parte das Forças Armadas do país.
"O Exército prometeu uma transição democrática. Acredito que a mudança vá nesse sentido. Tenho essa convicção, neste momento, de um processo tranquilo", afirmou.