Dacar ; A notícia da renúncia do presidente egípcio Hosni Mubarak foi recebida hoje (11) com festa na cerimônia de encerramento do Fórum Social Mundial, em Dacar, no Senegal. Foi assunto em várias falas na mesa da cerimônia e também entre os participantes. ;Eu simplesmente ainda não acredito que isso aconteceu;, dizia, exultante, a ativista social egípcia Wedad Ekkerdaoul. ;Desde que nasci, Mubarak era o presidente. Nunca conheci nenhum outro.;
Antes de chegar a Dacar, Wedad participou ativamente dos movimentos populares que paralisaram o Cairo e outras cidades egípcias desde o dia 25 de janeiro. Um de seus irmãos, um rapaz de 18 anos, dormiu em uma das tendas da Praça Tahrir, lotada há dias pelos manifestantes. ;Tenho 27 anos e nunca votei. Quero votar pela primeira vez. É um dia de grande emoção para nós;.
Mais comedido, o vice-presidente do Fórum Social Africano, Mamdouh Harashi, dizia ser esse só o começo de um longo caminho. ;É só o primeiro passo [a renúncia de Mubarak]. Mas um passo muito significativo;, afirmou. ;O desejo da revolução é ver cair todo o regime. E Mubarak não é todo o regime. É um processo. Temos muito o que lutar ainda;.
Harashi lembrou que uma das demandas da oposição popular a Mubarak é levar à Justiça os responsáveis pelos mortos e feridos nas manifestações pela saída do presidente. Outras demandas são ;a saída de todos [os integrantes] do antigo regime, o fim do estado de emergência e das leis contra as liberdades políticas, com nova Constituição e com eleições livres pela primeira vez em 60 anos;.
Antes do anúncio da renúncia, cerca de 150 participantes do fórum fizeram uma manifestação em frente à Embaixada do Egito no Senegal. Com faixas, cartazes e bandeiras do Egito, eles pediam a saída imediata do presidente, com palavras de ordem em árabe e francês.
; É fundamental o fórum estar na luta pela democracia no Egito;, opinou o coordenador do Comitê dos Direitos do Homem de Marrocos, Mohamed Salmi. ;É a liberdade dos povos que está em jogo e que está sendo discutida aqui. Os países ocidentais precisam entender que devem estar ao lado do povo e, não, ao lado de quem o oprime.; Com um megafone, Salmi comandou a coleta de assinaturas para um abaixo-assinado por mais democracia no Egito, lido em voz alta em vários idiomas.