WASHINGTON - O governo do presidente americano, Barack Obama, virou alvo de duras críticas no Congresso, nesta quarta-feira (9), por não ter feito o suficiente para apoiar as reformas democráticas no Egito e no Líbano. "Tanto no Egito quanto no Líbano fracassamos em levar de forma efetiva a ajuda americana para apoiar as forças de paz, pró-democráticas e ajudar a construir instituições fortes, confiáveis, como um baluarte contra a instabilidade que agora se espalha para grande parte da região", disse a representante republicana Ileana Ros-Lehtinen durante audiência no Comitê de Relações Estrangeiras, que ela preside.
"Ao invés de sermos proativos, ficamos obcecados com a manutenção de uma estabilidade de curto prazo, personalista, que nunca foi realmente assim tão estável, como demonstram os acontecimentos das últimas semanas", acrescentou.
No Egito, continuou a representante, "o governo fracassou em aproveitar a oportunidade para pressionar por reformas a fim de responder às frustrações dos manifestantes e evitar o caos e a violência".
No Líbano, acrescentou, onde o grupo islamita Hezbollah levou o governo ao colapso, "estamos novamente confrontados com a ausência de uma estratégia americana de longo prazo".
As críticas vieram também do lado democrata. O representante Gary Ackerman argumentou que Washington está perdendo a chance de capitalizar o movimento democrático. "Eu temo que no Egito estejamos transformando o sucesso em fracasso", disse Ackerman. "Simplesmente não podemos nos dar ao luxo de sermos vistos no Egito como os financiadores da repressão. O povo anseia pela liberdade", emendou.
Robert Satloff, diretor executivo do The Washington Institute de Políticas para o Oriente Médio, disse que a demora de uma transição democrática é negativa para Washington. "Mubarak disse (que a transição deve se dar em) oito meses, contou Obama. E cada dia desde então tem sido uma vitória para Mubarak", acrescentou Satloff.
Ele disse que Washington deve se preocupar com a possibilidade de grupos islamitas como a Irmandade Muçulmana - que iniciaram negociações com o governo de Mubarak - se envolverem na política egípcia.
"A Irmandade Muçulmana foi fundada para islamizar a sociedade, para governar segundo a lei da sharia", afirmou. "Ela nunca desistiu de seu objetivo", concluiu.