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Juízes franceses protestam contra presidente Sarkozy

Paris - Centenas de juízes franceses protagonizaram nesta segunda-feira (7/2) uma "mobilização sem precedentes" contra o presidente Nicolás Sarkozy, apontando "problemas graves" na Justiça, na qual, segundo os magistrados, faltam fundos para poder funcionar corretamente.

Os sindicatos da polícia também criticaram Sarkozy, enquanto outros sindicatos menos influentes nas forças da ordem pública - que já aprovaram em várias oportunidades a política do atual presidente - negaram-se a se somar às críticas.

Nesta segunda-feira, juízes de Lyon, Grenoble e Saint-Etienne, no centro-leste do país, Le Havre (noroeste) e Boulogne-sur-Mer (norte), realizaram assembleias gerais para organizar novas ações de protesto, assim como pretendem fazer outros magistrados de cerca de quarenta jurisdições.

Em torno de 100 assembleias gerais estão previstas durante a semana, em uma "mobilização sem precedentes", estimou a vice-presidente da União Sindical de Magistrados (USM), Virginie Valton, em um momento em que até a Corte de Cassação planeja manifestar-se a respeito.

Segundo um cálculo da AFP, baseado em informações dadas por diretores jurisdicionais, na segunda-feira à tarde, tinha se decidido em uns 30 tribunais do país que todos os casos que não fossem considerados urgentes seriam adiados até quinta-feira, dia em que se realizará uma manifestação em Nantes (oeste).

"Os juízes decidem em função da importância dos casos", explicou a presidente do tribunal de Colman (leste), Sonia Garrigues-Peress.

Na quinta-feira, 3 de fevereiro, Sarkozy apontou "erros graves de funcionamento" na polícia e na Justiça, após ter sido libertado um homem que era o principal suspeito de um homicídio de uma jovem de 18 anos, cujo corpo foi encontrado no fundo de um reservatório.

"Libertar um indivíduo que se presume culpado sem estar certo de que um conselheiro de inserção social vai atendê-lo é um erro", declarou o presidente.

"Houve problemas na Justiça e na polícia", assegurou o presidente.

A tensão entre juízes e Sarkozy foi iniciada quando o atual presidente ocupou o cargo de ministro do Interior, durante a segunda presidência de Jacques Chirac (2002-2007).