Brasília ; O embaixador do Brasil no Egito, Cesário Melantonio Neto, disse à Agência Brasil que apresentará até sexta-feira (11/2) ao governo do presidente Hosni Mubarak uma queixa formal, por meio de uma nota de protesto. No documento, o embaixador mencionará a censura e agressão a jornalistas brasileiros e o impedimento de um diplomata de dar assistência a brasileiros, no Hotel Ramses Hilton, no Cairo.
;Tudo o que ocorreu, tanto o tratamento dispensado aos jornalistas como ao diplomata, é inadmissível. Por isso será feita uma queixa formal de governo [do Brasil] a governo [do Egito];, afirmou Cesário Neto. Na nota, ele deve ressaltar que as ações, cometidas por autoridades policiais no Egito, contrariam os acordos internacionais de assistência e apoio a estrangeiros fora de seus países.
Na semana passada, um diplomata foi impedido de entrar no Hotel Ramses Hilton, no Cairo, para dar assistência a brasileiros e jornalistas do Brasil foram detidos, vendados e tiveram os equipamentos apreendidos no Egito. Os jornalistas Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, ficaram presos por 18 horas e depois receberam ordens para deixar o país.
Também relatou ter vivido momentos de apreensão o jornalista Luiz Antonio Araújo, do jornal Zero Hora do Rio Grande do Sul. Ele contou que foi agredido e roubado enquanto fazia a cobertura jornalística das manifestações. Outros jornalistas brasileiros que estão no Cairo viram-se obrigados a trocar de hotel, depois de terem os quartos invadidos para vistoria por autoridades de segurança.
;Há reações generalizadas em relação à imprensa de vários locais do mundo. Mas não podemos deixar de reagir;, afirmou Cesário Neto, informando ter localizado o equipamento apreendido da TV Brasil. ;Há tantos equipamentos na alfândega do Terminal 3 do Aeroporto Internacional do Cairo que parece inacreditável;, disse ele.
De acordo com o embaixador, ainda há aproximadamente 320 brasileiros no Egito. Desse total, 16 são bailarinos de um grupo artístico que se apresenta na cidade de Hurghada, na costa do Mar Vermelho. Segundo o diplomata, são feitas negociações para que o grupo consiga retornar ao Brasil. Os demais são brasileiros residentes que não demonstram interesse em deixar o país.