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UE mantém pressão sobre Mubarak em dia-chave no Egito

BRUXELAS - A União Europeia (UE) inaugurou uma reunião de cúpula nesta sexta-feira (4/2), em Bruxelas, com a intenção de manter a pressão sobre o regime de Hosni Mubarak e exercer uma influência nesta crise ao lado dos Estados Unidos, em um dia de protestos decisivos no Egito para reclamar a partida do presidente.

Em sua chegada a Bruxelas, os dirigentes europeus pediram a Mubarak que evite novos episódios de violência durante esta sexta-feira, chamado de o "Dia da Partida", que seus opositores convocaram para exigir sua demissão, e iniciar rapidamente uma transição política, depois de onze dias de intensos protestos.

"Esperamos que as forças de segurança egípcias atuem de forma que assegurem manifestações livres e pacíficas nesta sexta decisiva", assinalou a chanceler alemã, Angela Merkel.

Mubarak perderá toda a "credibilidade que lhe resta aos olhos do mundo ocidental" se as manifestações resultarem em novos atos de violência, advertiu, por sua parte, o primeiro-ministro britânico, David Cameron.

O chefe do Governo italiano, Silvio Berlusconi, defendeu, por sua vez, uma transição democrática sem ruptura com Mubarak, a quem classificou de "homem sábio".

"Desejamos uma transição no Egito que traga mais democracia, sem uma ruptura com um presidente como Mubarak, a quem o Ocidente e principalmente os Estados Unidos consideram um homem sábio", afirmou.

Já a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, afirmou que é "absolutamente essencial" que o governo Mubarak inicie um diálogo com a oposição.

"Nós estamos sendo muito claros em tudo o que afirmamos. O povo egípcio e o governo devem avançar juntos", disse.

"É absolutamente essencial que vejamos a movimentação necessária", completou Ashton, em referência à necessidade de diálogo entre Mubarak e a oposição.

Os opositores ao regime rejeitaram até o momento qualquer diálogo com o governo enquanto Mubarak permanecer no poder.

Milhares de egípcios devem participar nesta sexta-feira em protestos batizados de "Dia da Partida", convocado para exigir a renúncia do presidente, que está há 30 anos no poder.

Na véspera, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Espanha e Itália pediram ao Egito uma transição rápida e ordenada e condenaram as pessoas que usam ou incentivam a violência.

"Só uma transição rápida e ordenada para um governo de ampla representação permitirá superar os desafios que o Egito enfrenta hoje em dia", afirmam os chefes de Estado e de Governo desses cinco países em uma declaração conjunta divulgada pela presidência francesa.

"Esse processo de transição deve começar a partir de agora", afirma o texto assinado por Nicolas Sarkozy, Angela Merkel, David Cameron, José Luis Rodríguez Zapatero e Silvio Berlusconi.

Os dirigentes europeus "condenam todos os que usam ou incentivam a violência, o que não fará mais que agravar a crise política que atravessa o Egito", afirma ainda a declaração.