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Para OIT, desemprego entre jovens é uma das causas da crise no Egito

Genebra - A falta de empregos decentes para uma população em plena expansão constitui um dos fatores decisivos do levantamento no Egito, estimou nesta quinta-feira (3/2) o secretário-geral do Birô da Organização Internacional do Trabalho, BIT, Juan Somavia.

Há vários anos, o BIT "denuncia um grande déficit de trabalho decente no Egito e em outros países da região, nos quais o desemprego, o subemprego e o trabalho informal são considerados os mais elevados do mundo", explicou Somavia em comunicado.

"A incapacidade de administrar com eficácia esta situação, com todas as suas repercussões, em termos de pobreza e desigualdade de desenvolvimento, assim como os entraves ao exercício das liberdades fundamentais, desencadearam o grande avanço histórico - as reivindicações populares", prosseguiu.

O secretário-geral disse estar feliz, no entanto, com algumas melhoras que a mobilização dos últimos dias permitiu no Egito, como a criação de uma Federação egípcia de sindicatos independentes, num momento em que o país apresentava até então "uma legislação restritiva". O governo só autorizava uma federação sindical.

"Alegro-me com este avanço no exercício dos direitos dos trabalhadores egípcios. Sua voz deve, a partir de agora, figurar na primeira fila daqueles que me ouvem", insistiu.

O BIT se alarma há vários meses com a persistência de um nível de desemprego elevado no mundo o que constitui, segundo a Organização Mundial de Trabalho, uma verdadeira bomba de retardo social.

A falta de empregos decentes, em particular para os jovens, foi uma das causas dos tumultos que explodiram na Grécia em 2010 e, mais recentemente, na Tunísia.

Segundo os últimos dados da organização, publicados em 24 de janeiro, o desemprego mundial permaneceu em nível recorde em 2010, com 205 milhões de pessoas afetadas.

Os jovens são os mais prejudicados, segundo o BIT, calculando que o número dos sem emprego entre 15 e 24 anos ficou em 77,7 milhões em 2010, ou seja, uma taxa de 12,6%. O índice melhorou levemente em relação ao relatório de 2009, mas permanece ainda num nível superior aos 73,5 milhões registrados em 2007, antes da crise.

Para Somavia, o desemprego dos jovens "mina a coesão social e familiar, assim como a credibilidade das políticas realizadas", devendo tornar-se, o mais rápido possível, uma prioridade para todos.