Brasília - O enviado especial das Nações Unidas na República Democrática do Congo, Atul Khare, admitiu na quarat-feira (2/2) que as forças de paz no país falharam, após uma série de estupros em massa ter ocorrido em locais próximos a bases dos militares chamados de capacetes azuis. Segundo ele, o número de mulheres e crianças estupradas nas últimas semanas deve chegar a 500, e não a 250 como foi informado inicialmente.
Khare descobriu que os estupros em massa também ocorreram em cidades que não haviam sido levadas em conta no levantamento inicial. "Ainda que a responsabilidade principal de proteger os civis seja claramente do governo congolês, nós também falhamos, já que não cumprimos nossa obrigação de proteger os civis no Leste do Congo;, disse.
Para Khare, as ações da Organização das Nações Unidas (ONU) foram insuficientes. ;Nossas ações não foram adequadas e isso resultou em uma agressão brutal à população local. Precisamos melhorar", disse.
As investigações mostraram que em pelo menos um vilarejo todas as mulheres e crianças foram violadas. Em outros locais, dezenas de vítimas foram estupradas por gangues de rebeldes congoleses e ruandeses. Um dos ataques ocorreu em Luvungi, localizado a 30 quilômetros de uma base das forças de paz.
Khare fez uma série de recomendações para as forças de paz na região, tais como a realização de mais patrulhas e buscas, além da criação de um sistema de comunicação, por rádio e celulares, nos vilarejos mais remotos. Ele também pediu que os líderes rebeldes congoleses e ruandeses envolvidos nos ataques sexuais sejam julgados.
A República Democrática do Congo é conhecida pela frequência com que ocorrem abusos sexuais de mulheres e crianças. O Leste do país ainda sofre ações de violência do Exército e de milícias locais e de países vizinhos, como Ruanda, sete anos depois do fim da guerra civil em 2003. Apesar de um acordo de paz e da formação de um governo de transição, a população do Leste do país vive aterrorizada por milícias e soldados.