Amã (Jordânia) - O rei Abdullah da Jordânia destituiu, nesta terça-feira (1/2), seu primeiro-ministro para tentar apaziguar os manifestantes, mas os islamitas estimam que o substituto "não é reformista" e prometem novas manifestações.
Em um momento em que a mobilização no Egito faz cambalear o presidente Hosni Mubarak, após a fuga para a Arábia Saudita, em 14 de janeiro, do também questionado ex-presidente tunisiano, Zine El Abidine Ben Ali, o monarca jordaniano nomeou para o cargo Maaruf Bajit em substituição a Samir Rifai, cuja renúncia havia sido pedida em várias manifestações nas últimas semanas.
Para o rei da Jordânia, Bajit, que já foi premier entre 2005 e 2007, terá que "adotar medidas rápidas e claras para efetuar reformas políticas reais (...) que sustentem a nossa ação a favor da democracia".
A oposição islamita e de esquerda organizou várias manifestações nas últimas semanas contra a carestia e para pedir reformas, criticando a política econômica de Rifai.
No entanto, a Frente de Ação Islâmica (FAI), principal partido de oposição, criticou a escolha de Bajit, um ex-militar, que foi embaixador em Israel (2002) e Turquia (2005), assegurando que "não é reformista".
O islamita FAI havia declarado anteriormente à AFP que, ao contrário do que acontece no Egito, seu partido não exige uma mudança de regime, mas reformas políticas.
"Parece que as reformas ainda não começaram a ser realizadas. Somos contra este primeiro-ministro", disse à AFP Hamzeh Mansur, secretário geral do FAI, afirmando que "os motivos das manifestações continuam vigentes" e que as mesmas prosseguirão.
"Bajit teve ao seu cargo as piores eleições legislativas da Jordânia", quando era primeiro-ministro, em 2007, acrescentou Zaki Bani Rsheid, do comitê executivo do FAI.
O rei reconheceu implicitamente que houve fraude nestas eleições, ao dissolver a Câmara de deputados em 2009, dois anos antes do fim do mandato.
No entanto, os islamitas boicotaram as eleições de 2009 para protestar contra a lei eleitoral que consideravam prejudicial para eles.
Para Mohamad Masri, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos da universidade jordaniana, "a decisão do rei é supreendente, ja que na época de Bajit, as eleições foram duvidosas".
O FAI apresentou no domingo a Rifai "reivindicações escritas", em particular sua renúncia, e uma reunião "privada" entre o rei e uma delegação islamita estava prevista a curto prazo.
"O rei optou por destituir Rifai antes de se reunir com os islamitas para não dar a impressão de aceitar suas exigências", disse à AFP um ministro do governo em fim de mandato.
Bajit tem "alguns dias" para formar um novo governo, segundo o Palácio real, que tenta evitar que as manifestações ganhem vulto, como aconteceu na Tunísia e no Egito.