Paris - O ex-presidente francês Jacques Chirac declarou nesta segunda-feira (31/1) que está "muito bem", ao mesmo tempo em que sua esposa Bernadette assegurou que ele não sofre do Mal de Alzheimer, tentando cortar os boatos pela raiz.
"Estou muito bem, agradeço a vocês, desejando que também estejam assim", disse Jacques Chirac, 78 anos, ouvido quando saía de sua casa parisiense pelo canal BFMTV.
O ex-presidente (1995-2007), que se tornou desde a aposentadoria um dos políticos mais populares na França, deve ser julgado de 7 março a 8 de abril por supostos empregos fictícios criados na cidade de Paris quando era prefeito, nos anos 1990.
Este monumento da direita francesa, que dedica sua aposentadoria ao diálogo entre culturas, apareceu fragilizado nas últimas aparições em público, com o Journal du Dimanche afirmando até que sua esposa havia pronunciado com um amigo a palavra "Alzheimer", em relação a ele.
"É uma mentira", desmentiu Bernadette Chirac na manhã desta segunda-feira à rádio Europe 1, dizendo-se "escandalizada" com o fato de atribuírem a ela declarações desse tipo.
"Os médicos disseram que ele não tem Alzheimer. Acredito neles", acrescentou. "Se meu marido sofresse desta doença, não hesitaria em dizê-lo".
O ministro da Defesa Alain Juppé, ligado ao ex-presidente, afirmou tê-lo achado em "grande forma" há algumas semanas em Paris.
A ex-primeira-dama afirmou que Jacques Chirac, que sofreu um acidente vascular cerebral em 2005, não era "mais exatamente quem foi". Admitiu que o marido, um homem de 1,90 m, com apetite e energia legendários, apresenta "dificuldades de andar e de audição" e, "às vezes, problemas de memória".
Quanto a seu julgamento, "ele sempre disse que quer ser tratado como um réu como outro qualquer e comparecerá ao processo", garantiu a esposa.
Durante uma audiência preparatória na manhã desta segunda-feira, o tribunal correcional de Paris confirmou que o ex-presidente será julgado num só processo, reunindo duas questões, uma delas os 21 empregos concedidos por benevolência e outro, sobre sete cargos fictícios.
A justiça estima que empregos remunerados pela prefeitura de Paris teriam beneficiado o partido de Jacques Chirac, o RPR (direita, que se tornou UMP atualmente).
Na questão dos sete empregos fictícios, várias condenações haviam sido pronunciadas em 2004. Mas seu status de chefe de Estado impedira, então, que Jacques Chirac fosse a julgamento na época.
Tornando-se simples cidadão, Jacques Chirac foi reenviado ao tribunal por "desvio de dinheiro público" e "abuso de confiança". Ele pode pegar, em teoria, 10 anos de prisão e receber 150.000 euros de multa.
Mas a pressão sobre ele ficou consideravelmente leve, depois que a prefeitura de Paris, única parte civil no dossiê, desistiu recentemente de sua ação na justiça, depois de um acordo com o UMP, que se comprometeu a reembolsar o prejuízo causado à cidade. Do total de 2,2 milhões de euros, a UMP arcará com três quartos do total e Jacques Chirac se encarregará do restante.