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Agenda argentina de Dilma vai do comércio aos direitos humanos

BUENOS AIRES - A presidente Dilma Rousseff, que faz sua primeira viagem internacional nesta segunda-feira para a Argentina, tentará avançar a aliança estratégica bilateral durante o encontro com sua anfitriã, Cristina Kirchner, além de ratificar o compromisso dos dois países com a defesa dos direitos humanos.

Um mês depois de ter assumido o governo, Dilma indicou que dará ênfase em Buenos Aires de à "ideia fundamental de uma relação especial e estratégica com a Argentina".

"Brasil e Argentina têm responsabilidades perante o conjunto da América Latina no sentido de fazer com que nossa região tenha cada vez mais presença no cenário internacional", disse a presidente, numa entrevista publicada no domingo pelos principais jornais argentinos.

Dilma também destacou o fato de duas mulheres estarem à frente dos dois maiores países sul-americanos. Elas se reunirão no Salão das Mulheres da Casa Rosada.

"Os dois maiores países do Cone Sul estão dando uma demonstração de que suas sociedades evoluíram no sentido de superar o tradicional preconceito que existia contra a mulher", estimou Dilma.

Ex-guerrilheira e ex-prisioneira da ditadura, Dilma incluiu em sua apertada agenda um encontro na Casa Rosada com dirigentes das entidades humanitárias Mães e Avós da Praça de Maio. A presidente permanecerá menos de seis horas no país.

"Nos reuniremos com Dilma a pedido dela", disse à AFP uma fonte das Mães da Praça de Maio. As duas organizações têm como objetivo encontrar filhos e netos desaparecidos durante a ditadura (1976-83).

As relações bilaterais nas gestões Dilma e Kirchner serão de "continuidade e mudança".

"A coincidência na visão dos direitos humanos pode ser um ponto de mudança", estimou o embaixador argentino no Brasil, Juan Pablo Lohlé.

As presidentes abordarão os temas habituais na agenda das duas maiores economias da América do Sul, entre eles as trocas comerciais, que chegaram a qiase 33 bilhões de dólares em 2010 - um recorde -, e assinarão uma dezena de acordos bilaterais.

A Argentina tem como prioridade corrigir um déficit de 4,097 bilhões de dólares na balança comercial com seu principal sócio comercial em 2010, o segundo maior entre os dois países.

"Há uma mudança de matriz, há um fato novo que é haver duas mulheres de personalidade forte. Isso está nos dizendo que começa um novo período, mas considero que será uma etapa na qual será dada a continuidade a tudo o que avançou nos últimos anos", disse Lohlé.

Entre os documentos que as duas presidentes devem assinar em Buenos Aires está um convênio entre as autoridades responsáveis pela energia nuclear para iniciar os estudos de colaboração para a construção de um reator nuclear de pesquisas científicas e outro convênio sobre igualdade de gênero.

Dilma Rousseff chegará a Buenos Aires às 11H00 (12H00 de Brasília), reunindo-se pouco depois com Kirchner, que a receberá com um almoço na chancelaria antes de seu regresso ao Brasil, previsto para as 16H00 (17H00 de Brasília GMT), segundo sua agenda oficial.