TUNEZ - O líder do partido islamita tunisiano Ennahda, Rached Ghanuchi, regressou neste domingo à Tunísia, após mais de 20 anos de exílio em Londres, sendo recebido por milhares de partidários no aeroporto.
O avião de Ghanuchi, que viajou acompanhado da filha Sumaya, aterrissou às 12H30 (09H30 de Brasília) no aeroporto de Túnis-Cartago, discretamente vigiado pelas forças de segurança.
Rached Ghanuchi apareceu pouco depois diante da multidão, lançando um animado "Alá Akbar" ("Deus é grande") com os braços para o alto.
Foi sua única declaração na chegada, antes de abrir passagem com dificuldade por entre o mar de tunisianos, que cantavam o hino nacional e também diziam "Alá Akbar".
Antes de viajar, o líder político declarou: "Continuo sendo o dirigente de meu partido; se houver eleições livres e justas, legislativas mas não presidenciais, o Ennahda participará delas".
Ghanuchi adotou um tom prudente ao falar da situação da Tunísia após a queda do presidente Zine El Abidine Ben Ali, que fugiu do país no dia 14 de janeiro, e nos anos 90 reprimiu violentamente os partidos islamitas.
"A sharia (lei islâmica) não tem lugar na Tunísia", afirmou. "O medo é baseado unicamente na ignorância".
Rached Ghanuchi fundou o Ennahda (Renascimento) em 1981 com um grupo de intelectuais inspirados pela Irmandade Muçulmana egípcia. Hoje, afirma representar um islã moderado mais próximo do AKP turco.