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Opositor cubano Guillermo Fariñas incomunicável depois de segunda prisão

HAVANA - O opositor cubano Guillermo Fariñas, Prêmio Sakharov 2010, permanecia nesta sexta-feira (28/1) sem poder ser contatado numa unidade policial depois de ter sido detido pela segunda vez em menos de 24 horas, informou sua mãe, Alicia Hernández.

"Ele não foi libertado. Não falei com ele, ele está incomunicável. Um tio dele levou medicamentos para ele na unidade policial. O guarda só disse que estava em investigação", informou Hernández à AFP por telefone.

Depois de ter sido detido durante sete horas na quarta-feira, Fariñas foi novamente preso na tarde de quinta-feira na Praça da Revolução de Santa Clara quando se dirigia com uma dezenas de opositores para um posto policial para questionar outros presos, segundo Hernández.

Um dia depois da morte do preso opositor Orlando Zapata Tamayo, em 23 de fevereiro de 2010, depois de 85 dias de greve de fome, Fariñas iniciou uma greve de fome para pedir a libertação de prisioneiros políticos.

O dissidente suspendeu sua greve de fome em 8 de julho, 135 dias depois, quando o governo de Raúl Castro - que substituiu seu irmão Fidel em 2006 -, em um inédito diálogo com a Igreja, autorizou a libertação de 52 opositores que ficaram na prisão de um grupo de 75 presos e condenados em 2003.

Um total de 41 dos 52 já foram libertados, 40 aceitaram imigrar e partiram para Madri, um ficou em Cuba e os 11 restantes se negam a ir para a Espanha e permanecem na prisão.

O governo atribui condutas ;antissociais; a Fariñas, terceiro opositor cubano a receber o Prêmio Sakharov - Oswaldo Payá em 2002 e as Damas de Branco em 2005 -, e o considera, como o resto dos dissidentes, um "mercenário" de seu inimigo Estados Unidos.

Premiado por ser um "lutador da liberdade e dos direitos humanos", Fariñas foi representado por uma cadeira vazia em 15 de dezembro na cerimônia de entrega do Sakharov em Estrasburgo, pois não recebeu autorização oficial para viajar.

De formação militar, oriundo de Santa Clara e filho de dois fervorosos revolucionários, Fariñas se distanciou do governo em 1989, quando se opôs ao polêmico fuzilamento do general Arnaldo Ochoa, acusado de narcotráfico. A partir de então, iniciou sua atividade opositora e foi preso em três ocasiões.