DAVOS - O Brasil e as outras potências envolvidas nas negociações da estagnada Rodada de Doha se reunirão à margem do Fórum de Davos nesta sexta-feira (28/1) para tentar reativar o processo de liberalização do comércio mundial.
"Estamos aqui para ver se há uma evolução", disse o ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota, que comanda a delegação brasileira no Fórum Econômico Mundial na Suíça.
"A intenção é tentar retomar a rodada sobre a base dos progressos já alcançados, mas não tenho certeza de nada", admitiu Patriota, referindo-se aos encontros ministeriais programados ao longo do fórum.
O comissário europeu do Comércio, Karel de Gucht, convidou representantes de Brasil, Estados Unidos, China, Japão, Austrália e Índia - principais atores da Rodada de Doha - para um jantar de trabalho na noite desta sexta-feira, em um hotel de Davos.
Para a manhã de sábado, a presidência suíça convocou uma grande reunião ministerial sobre a OMC, uma tradição em Davos que havia sido abandonada após o fracasso das negociações da rodada de Doha, em julho de 2008 em Genebra.
As negociações de Doha, cuja meta é reduzir ou eliminar tarifas alfandegárias de milhares de produtos, além de limitar consideravelmente os subsídios à agricultura, começaram 2001 na capital do Qatar.
As discussões, no entanto, continuam estagnadas há mais de dois anos, devido às persistentes diferenças entre os países desenvolvidos, os emergentes e as economias em desenvolvimento.
O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, indicou no sábado passado que as possibilidades de concluir as negociações de Doha sobre o comércio internacional são "muito melhores que no ano passado na mesma época".
Em relação à situação das negociações, o chanceler brasileiro disse esperar que os Estados Unidos modifiquem seu discurso habitual de exigências de concessões por parte de Índia e Brasil, "que não leva a progressos".
"A contribuição dos países emergentes já está sendo dada com seu aporte para a reativação da economia mundial", disse Patriota, referindo-se à velha exigência das nações industrializadas de uma partilha das responsabilidades para alcançar um acordo em Doha.
Por outro lado, o ministro brasileiro reiterou a preocupação do Brasil com a influência da contínua valorização do real nas negociações de um tratado de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
"Não devemos subestimar o desafio que significa negociar um acordo de livre comércio com o real valorizado", alertou.
Na quarta-feira, em seu primeiro-encontro com líderes europeus em Bruxelas, o chanceler brasileiro já havia destacado as "dificuldades" enfrentadas pelo país devido à apreciação de sua moeda.
Em 2010, o real registrou uma valorização de 4,6%, depois de ter avançado 32% em 2009 e mais de 100% nos oito anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"A contribuição dos países emergentes já está sendo dada com seu aporte para a reativação da economia mundial", disse Patriota, referindo-se à velha exigência das nações industrializadas de uma partilha das responsabilidades para alcançar um acordo em Doha.