VIENA - O opositor Mohamed ElBaradei declarou nesta quinta-feira (27/1), em Viena, estar pronto para o caso do povo pedir que ele dirija a transição política no Egito, cenário de manifestações sem precedentes contra o regime do presidente Hosni Mubarak.
"Se o povo, e particularmente os jovens, desejar que eu dirija a transição, não o decepcionarei", afirmou ElBaradei aos jornalistas no aeroporto de Viena, onde devia embarcar para a capital egípcia.
"Minha prioridade agora é ver um novo Egito, um novo Egito encaminhado para uma transição pacífica", acrescentou.
O irmão de ElBaradei anunciou que ele retornará ao Cairo nesta quinta-feira à noite, procedente de Viena.
O ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) retornará ao Egito a partir de Viena, afirmou à AFP o irmão do opositor Ali ElBaradei, mas sem confirmar se a volta está diretamente relacionada com os últimos acontecimentos no país, onde os manifestantes tomaram as ruas para protestar contra o governo.
"Ele decidiu voltar especialmente para participar nas manifestações de sexta-feira", afirmou o irmão.
ElBaradei é muito crítico do regime do presidente Hosni Mubarak, que está no poder há três décadas.
"Se os tunisianos fizeram, os egípcios também devem conseguir", declarou à revista alemã Der Spiegel ao comentar uma possível inspiração da "Revolução do Jasmim" da Tunísia no Egito.
ElBaradei não possui um partido reconhecido, mas formou um movimento, a Associação Nacional para a Mudança, que defende reformas democráticas e sociais.
O retorno do opositor acontece enquanto os jovens militantes a favor da democracia, inspirados na rebelião tunisiana que expulsou do poder ao presidente Zine El Abidine Ben Ali, convocaram novas manifestações para esta quinta-feira e, depois das orações semanais, sexta-feira.
Pelo menos mil pessoas foram detidas desde o início das manifestações no Egito, na terça-feira, contra o regime do presidente Hosni Mubarak, informou uma fonte dos serviços de segurança.
Os protestos deixaram seis mortos e dezenas de feridos.
O "Movimento 6 de Abril", uma organização pró-democracia que está por trás das manifestações, pediu aos egípcios a continuidade dos protestos, inspirados na revolta tunisiana que derrubou o presidente Ben Ali.