Brasília - O governo do Brasil apoia o relatório final do Comitê Especial de Verificação da Organização dos Estados Americanos (OEA), que concluiu que houve fraudes nas eleições presidenciais do Haiti e que é necessário rever a ordem dos candidatos e até mesmo promover nova votação. Em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro reitera a confiança no processo democrático, mas defende o respeito à conclusão dos peritos internacionais.
;O governo brasileiro apoia os resultados e conclusões da missão de verificação da OEA e renova seu apelo às lideranças políticas e ao povo haitianos para a manutenção de ambiente calmo e pacífico ao longo do processo eleitoral, com vistas, inclusive, à definição do calendário para suas próximas etapas;, diz o documento.
Segundo o Itamaraty, o governo do Brasil se dispõe a manter a ajuda para a estabilidade e o desenvolvimento do país por meio da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), que reúne militares brasileiros e estrangeiros.
;O governo brasileiro reafirma seu compromisso de longo prazo com a estabilidade e o desenvolvimento do Haiti ; compromisso que se traduz na atuação do Brasil no âmbito da Minustah, em nosso engajamento no processo de reconstrução haitiano e na disposição brasileira de seguir prestando assistência humanitária ao Haiti, inclusive em apoio aos presentes esforços de combate ao surto de cólera;, informa a nota.
No último dia 19, a OEA recomendou que sejam feitas novas votações no Haiti em decorrência de uma série de ;irregularidades significativas; identificadas nas eleições de 28 de novembro de 2010. A comissão aconselhou ainda que se for decidido promover apenas o segundo turno das eleições, é necessário substituir o candidato governista Jude Celestin por Michel Martelly.
A alteração muda o resultado do primeiro turno das eleições que colocava Martelly depois de Celestin. Segundo a comissão, houve constatação de erros em várias atas relativas ao resultado das votações. Pela recomendação da OEA, o segundo turno deve colocar no páreo a opositora Mirlande Manigat e Michel Martelly. Em terceiro lugar vem Celestin.
As conclusões da OEA foram divulgadas em meio ao vazio político no Haiti e à chegada do ex-presidente haitiano Jean-Claude Duvalier, conhecido como Baby Doc. Doc é acusado de violação dos direitos humanos. Ele deixou o país em 1986, depois de uma reação popular. Por 15 anos, governou o país mantendo milícias e sob suspeita de corrupção. Ao deixar o Haiti, Baby Doc seguiu para a França onde ficou exilado durante 15 anos.
Paralelamente a esses acontecimentos políticos, o Haiti busca a reconstrução do país devastado pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010 e a uma epidemia de cólera, ainda longe de ser controlada, que mata adultos e crianças.