BUENOS AIRES - O ex-comandante-em-chefe do exército e hierarca da ditadura argentina (1976-83), Cristino Nicolaides, morreu na noite de sábado (22) pouco mais de um mês depois de enfrentar um novo julgamento por crimes contra a humanidade, informou este domingo seu advogado, Alejandro Zeverín.
Nicolaides "morreu ontem à noite de uma complicação pulmonar e seus restos mortais foram cremados hoje", disse o advogado à agência de notícias DyN.
O militar, de 86 anos, deveria enfrentar em 7 de março próximo um julgamento por 33 casos de apropriação de bebês durante a ditadura, no qual também serão julgados os também ex-integrantes das juntas militares Jorge Videla, Reynaldo Bignone e outros quatro acusados.
Quinhentos casos de menores roubados de seus pais desaparecidos foram registrados na ditadura, segundo a organização humanitária Avós da Praça de Maio. Destes, 102 recuperaram sua identidade.
O ex-hierarca cumpria pena de prisão domiciliar na província natal de Córdoba (centro), após ser condenado em 2007 a 25 anos de prisão em outro caso de violação dos direitos humanos, no qual foi considerado culpado, junto com outros militares por denúncias de sequestros, torturas e desaparecimentos.
Este foi o primeiro julgamento de uma cúpula militar desde que a Suprema Corte anulou as leis de anistia que inocentaram militares pela repressão ilegal.
Nicolaides formou, junto com Rubén Franco e Augusto Hughes, a denominada quarta Junta Militar, que assumiu o poder após a guerra das Malvinas, em 1982.