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Presidente chinês condena intromissão dos Estados Unidos e é criticado

A primeira viagem de um presidente chinês aos Estados Unidos em 14 anos vai ficar marcada pelos acordos econômicos, mas também por expressões pouco afáveis ; tanto do anfitrião como do visitante. Ontem, em meio a reuniões com lideranças norte-americanas no Capitólio, Hu Jintao foi evasivo ao falar sobre direitos humanos e sobre a situação do preso político Liu Xiaobo. Mas não economizou palavras quando se referiu às regiões separatistas de Taiwan e do Tibete. ;Os assuntos relacionados a Taiwan e ao Tibete dizem respeito à soberania e à integridade territorial da China, e representam o centro dos interesses chineses;, advertiu. ;A história de nossas relações nos mostra que elas terão um desenvolvimento regular e sem enfrentamentos, enquanto ambos os países saibam como manejar os assuntos nos quais o outro tem interesses maiores. Sem isso, nossas relações terão problemas constantemente ; ou seja, haverá tensões;, acrescentou.

E tensões não faltaram antes da visita de Hu ao Congresso norte-americano. Na noite de quarta-feira, a deputada Dana Rohrabacher fez um polêmica alerta aos empresários. ;Vocês estão lidando com nazistas, ao tentarem trabalhar com a China;, alfinetou a republicana, em entrevista a uma rádio. Líder da maioria no Senado, Harry Reid chamou Hu de ditador. Ontem pela manhã, antes de cumprimentar o chefe de Estado chinês, Reid tentou se desculpar. ;Talvez eu não devesse ter usado o termo ;ditador;, mas eles (chineses) têm um tipo diferente de governo;, disse.

No encontro pela manhã com 11 representantes dos partidos Democrata e Republicano, Hu conversou sobre economia e sobre propriedade intelectual. Ouviu críticas aos abortos forçados na China, frutos da política de limitar um filho por casal. Após a reunião, um comunicado de John Boehner, presidente da Câmara dos Deputados, deu mostras das divergências entre os dois países, na área dos direitos humanos. Segundo o jornal The New York Times, Boehner e seus colegas expressaram a Hu ;fortes e contínuas preocupações com os relatos de violações dos direitos humanos na China;. O congressista citou a ;negação da liberdade religiosa; e o ;uso da coeração; como efeito da política de ;uma criança;. ;Quando se trata de garantir a liberdade e a dignidade de todos os cidadãos, inclusive e especialmente dos nascituros, os líderes chineses têm uma responsabilidade de fazer melhor;, disse Boehner.

Líder democrata do Comitê dos Assuntos Externos na Câmara dos Deputados, o republicano Howard Berman assegurou que desentendimentos sobre os direitos humanos foram ;fortemente levantados; na conversa. ;Eu não indicaria que houve grande engajamento; Mas um reconhecimento geral, por parte do presidente da China, de que temos caminhos a seguir;, afirmou aos repórteres, segundo a TV CNN.

Com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 9,8 trilhões, cerca de US$ 5 trilhões a menos que os Estados Unidos, a China buscou também tranquilizar a Casa Branca. Hu Jintao garantiu que seu país não tem interesse em uma corrida armamentista, nem almeja alcançar uma ;hegemonia; mundial. ;Não nos envolvemos em nenhuma corrida armamentista ou ameaça militar em direção a nenhum país;, declarou o presidente, perante o Comitê Nacional para as Relações Sinoamericanas, em Washington. ;A China não buscará nunca uma hegemonia nem uma política expansionista;, acrescentou. O mandatário também exortou os EUA a construírem uma relação sólida, baseada na crença na ;igualdade; e no ;respeito mútuo;.



Prestígio recuperado


Pela primeira vez desde 2009, a popularidade do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, alcançou um patamar acima da marca simbólica dos 50%. De acordo com uma pesquisa do Wall Street Journal/NBC News, o índice de aprovação do atual governo chega a 53% ; oito pontos acima de dezembro. Dois anos depois da histórica posse de Obama, um número cada vez maior de norte-americanos vislumbra uma recuperação da economia nos próximos anos, embora ainda se preocupe com o desemprego alto, que caiu a 9,4%, segundo a sondagem.

Analistas veem a recuperação do prestígio como um reflexo de uma série de conquistas alcançadas pelo mandatário, como a lei que estende uma redução dos impostos para todas as faixas de renda e amplia os benefícios aos desempregados. Ainda de acordo com a pesquisa, a aprovação de uma legislação permitindo que homossexuais sirvam nas Forças Armadas e a assinatura de um tratado de redução de armamentos nucleares com a Rússia contribuíram com a percepção positiva em relação ao governo Obama. Outros pontos positivos foram a queda do desemprego ; de 9,8% em novembro para 9,4% em dezembro ; e a postura firme do presidente após o tiroteio em Tucson (Arizona), em 8 de janeiro.

Foram entrevistados mil adultos entre 13 e 17 de janeiro. A pesquisa tem uma margem de erro de 3,1 pontos percentuais. Em meio ao clima de otimismo, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, admitiu pela primeira vez a possibilidade de Obama disputar a reeleição em 2012. ;Acredito que isso provavelmente ocorrerá, naturalmente;, declarou.