Brasília - A presidenta Dilma Rousseff deve analisar nesta terça-feira (18/1) o conteúdo da carta enviada pela deputada iraniana Zohreh Elahian, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento iraniano. Na carta, a deputada se refere à suposta suspensão do enforcamento da viúva Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, condenada à morte por infidelidade e cumplicidade no assassinato do marido.
O assunto será tema de uma reunião de Dilma com o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia. De acordo com as informações de agências internacionais, a deputada informou à presidenta que houve a suspensão da condenação por enforcamento e a conversão da pena de morte em dez anos de prisão.
A Presidência da República e o Ministério das Relações Exteriores confirmaram que o documento foi remetido do Itamaraty para o Palácio do Planalto. O conteúdo da carta não foi divulgado. No final da tarde de ontem (17/1), assessores informaram que a correspondência será traduzida do inglês para o português, em seguida a presidenta deverá se manifestar sobre o tema.
O responsável jurídico do Irã pelo processo de execução de Sakineh anunciou ontem que a pena não foi suspensa. O chefe do Departamento de Justiça do Azerbaijão Oriental Hojjatoleslam, Malek Ajdar Sharifi, afirmou que o processo de Sakineh ainda aguarda julgamento e decisão final. A autoridade negou alterações na ação.
Sharifi afirmou que o Supremo Tribunal do Irã ainda não emitiu o veredito final sobre o caso de Sakineh. ;O processo segue seu curso normal e burocrático;, disse ele. As informações são da agência oficial de notícias do Irã, a Irna.
A presidenta Dilma é uma das críticas da sentença de morte de Sakineh. Segundo ela, a condenação da viúva contraria os direitos humanos. Inicialmente, a iraniana foi condenada à morte por apedrejamento, agora aguarda o julgamento da ação que a condena ao enforcamento.
O caso de Sakineh mobiliza o mundo inteiro, envolvendo na campanha pela suspensão da pena de morte autoridades, artistas e intelectuais, além de representantes de entidades humanitárias. No ano passado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a libertação de Sakineh e ofereceu asilo a ela no Brasil. Em resposta, o governo Ahmadinejad classificou o Brasil como "desinformado" sobre o caso.