Phoenix (EUA) - A família do autor dos disparos que matou seis pessoas e feriu outras 14 em Tucson, no Arizona, rompeu o silêncio que mantinha há dias e apresentou as desculpas na noite de terça-feira (11/1) aos parentes das vítimas, em uma mensagem lida na rede de televisão CNN.
"Este é um momento muito difícil para nós. Pedimos à imprensa que respeite nossa privacidade", diz a mensagem da família de Jared Loughner, 22 anos, que no sábado disparou contra um grupo em torno da representante democrata Gabrielle Giffords, gravemente ferida no incidente.
"Não há palavras que possam explicar como nos sentimos. Gostaríamos de tê-las, assim poderíamos fazê-los se sentir melhor. Realmente não entendemos por que isto aconteceu", destaca a mensagem entregue à CNN.
"Gostaríamos de mudar os acontecimentos atrozes de sábado. Nós nos preocupamos profundamente com as vítimas e suas famílias, e sentimos muito suas perdas".
Segundo a imprensa que aguardava do lado de fora da humilde residência da família Loughner, Jared é filho único.
Jared também é caracterizado como um jovem perturbado, que assustava os colegas de aula com o comportamento, principalmente as atitudes incoerentes e marcada por uma obsessão conspiratória.
Ele foi preso depois de indiciado por tentativa de homicídio contra a congressista Gabrielle Giffords, que estava reunida com os eleitores no momento do ataque.
Entre as seis vítimas fatais de Jared, filho único do casal Loughner, está uma menina de nove anos, nascida em 11 de setembro de 2001, data do pior ataque terrorista da história dos EUA.
Informações na imprensa local indicaram que o Congresso de Arizona tentará aprovar uma lei para proibir um grupo fundamentalista nascido no sul do país, a Igreja Batista de Westboro, que pretende protestar contra o funeral da menina porque a família é confissão católica.
A deputada americana baleada na cabeça continua em estado crítico, mas já é capaz de respirar por conta própria, apesar de, por precaução, estar sendo mantida conectada a aparelhos, informaram os médicos na terça-feira.
"Ela está respirando por conta própria", informou o dr. Michael Lemole, o neurocirurgião-chefe que operou Gabrielle Giffords, acrescentando que ela também consegue responder a comandos simples, um sinal vital para a recuperação física.
Embora os médicos já tenham explicado que ainda era muito cedo para prever uma recuperação completa, eles disseram que não houve um aumento do inchaço cerebral da congressista de 40 anos, o que os deixa mais otimistas.
Enquanto isso, em Washington, foi pedido aos legisladores para que revisem os planos para que os próprios legisladores portem armas de fogo em resposta à tentativa de assassinato contra uma das colegas.
"Não creio que seja uma boa ideia", afirmou o senador e sargento Terrance Gainer à ABC. "Fui policial durante 42 anos e não me parece que a introdução de mais armas ajude na atual situação".
Várias vozes da esquerda denunciaram que por trás do ataque está o tom violento do Partido Republicano e do movimento ultraconservador "Tea Party", mas a Câmara de Representantes expressou sua "reafirmação do princípio fundamental da liberdade de expressão".
Em uma entrevista à BBC enquanto se encontra no Haiti, o ex-presidente Bill Clinton disse que a tragédia de Tucson representava "a oportunidade de reafirmar que as diferenças políticas não devem resultar em diabolização".
A Câmara de Representantes anunciou que vai prestar nesta quarta-feira (12/1) uma homenagem às vítimas do massacre.
O presidente Barack Obama também viajará para Tucson para participar em um serviço fúnebre pelas seis vítimas e 14 feridos da tragédia.