Juba - Homens armados da tribo árabe Misseriya assassinaram 10 sudaneses do sul e feriram 18 perto da divisa, quando o grupo deixava o norte do Sudão, informou nesta terça-feira (11/1) o ministro do Interior do Sul, Gier Chuang.
[SAIBAMAIS]"Um comboio de civis que retornava do norte para o sul foi atacado ontem (segunda-feira) por volta das 5h da tarde (12h de Brasília) por árabes Misseriya armados. Dez foram mortos, e 18 feridos", disse Chuang em Juba. "Os agressores atacaram em seis ou sete veículos com armas".
A emboscada na fronteira entre os estados de Kordofan do Sul (norte do Sudão) e Bahr al-Ghazal do Norte (no Sudão do Sul) ocorreu em meio ao segundo dia do histórico referendo de independência, que se estenderá até o próximo sábado.
Milhares de sudaneses do sul que vivem no norte continuam cruzando a fronteira para votar.
Chuang afirmou que o governo de Cartum deveria se responsabilizar pelo ataque dos árabes, cuja tribo atuou como milícia durante a sangrenta guerra civil de 1983-2005 e ainda se envolve regularmente em enfrentamentos com a tribo Dinka, pró-sul, no disputado distrito fronteiriço de Abyei.
"Os Misseriya pertencem a um Estado e este Estado deve ser responsabilizado", afirmou o ministro.
Gier Chuang, no entanto, destacou que esse foi o único episódio de violência até agora a marcar o referendo, que nesta terça-feira começou o terceiro dia de trabalhos com longas filas à porta das sessões eleitorais, que abriram às 8h (3h de Brasília).
"Fora isso, a segurança em todos os estados do sul permanece normal, e o sul está no caminho para alcançar o objetivo pelo qual lutou por tantos anos", indicou.
Na segunda-feira, a comissão que organiza o referendo anunciou que 20% dos quase quatro milhões de eleitores inscritos votou no primeiro dia.