Ramallah - A demolição de um edifício em Jerusalém Oriental neste domingo "arruinou qualquer possibilidade" de retomada das negociações de paz, afirmou um porta-voz da Autoridade Palestina (AP).
"Ao agir desta forma, Israel arruinou todos os esforços americanos e pôs fim a qualquer possibilidade de retomada das negociações", declarou em um comunicado Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
Na manhã deste domingo, as autoridades israelenses começaram a demolir uma parte do antigo hotel Shepherd, no bairro palestino de Sheikh Jarrah, na parte oriental de Jerusalém. No local, será construído um complexo de 20 apartamentos para colonos judaicos.
"Israel não tem o direito de construir em nenhuma parte de Jerusalém Oriental, ou em qualquer parte das terras palestinas ocupadas em 1967", insistiu Abu Rudeina, pedindo aos Estados Unidos que "impeçam os planos israelenses".
As negociações de paz, brevemente rearticuladas em setembro em Washington, estão bloqueadas desde o fim do congelamento dos assentamentos, decretado por um ano pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Abbas afirma que não voltará à mesa de negociações enquanto Israel continuar construindo no território onde os palestinos pretendem estabelecer seu futuro Estado.
No sábado, Israel anunciou que seu principal negociador, Yitzhak Molcho, viajará a Washington na próxima semana para renovar contatos com os palestinos.
Os palestinos, no entanto, insistem que não voltarão a falar com Israel até que as construções parem completamente.
Na manhã deste domingo, três máquinas trabalhavam na demolição do hotel abandonado e parcialmente destruído, que já serviu de residência para o mufti de Jerusalém Haj Amin al-Husseini, odiado por Israel por suas conexões com o líder nazista Adolf Hitler.
A Organização da Conferência Islâmica, com sede em Jeddah, denunciou a demolição do hotel como "uma violação flagrante do direito internacional".
Ghassan Khatib, diretor do centro de mídia do governo da Autoridade Palestina, acusou Israel de desafiar a comunidade internacional, que vêm criticando o Estado judaico por construir assentamentos no disputado setor oriental de Jerusalém.
"A demolição do Hotel Sheperd na cidade de Jerusalém tem a intenção de estabelecer novos pontos de colonização e é uma continuação da política de assentamentos e 'judaicização' da cidade, em violação do direito internacional e dos direitos humanos", afirmou Khatib.
A autorização para a construção do complexo de apartamentos foi dada pelo governo israelense em março de 2010, enquanto Netanyahu participava de negociações em Washington. O primeiro-ministro, no entanto, defendeu o projeto, financiado pelo milionário americano Irving Moskowitz.
O ministro israelense de Ciência e Tecnologia, Daniel Hershkowitz, do partido religioso nacionalista Habait Hayehudi, também defendeu a demolição do hotel e a construção dos apartamentos.
"Jerusalém é a capital de Israel - todas as partes de Jerusalém -, e aquele terreno foi comprado legalmente para a construção de casas de pessoas que só aumentarão a qualidade de vida em Jerusalém", afirmou.